Alvaro Dias diz que crime é usar a máquina pública

Caso seja chamado a dar explicações à Polícia Federal, o senador Alvaro Dias (PSDB) disse ontem, em Curitiba, que vai responsabilizar a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pela elaboração do suposto dossiê sobre despesas do governo Fernando Henrique Cardoso, mas que a informação fundamental cabe a ela fornecer, dizendo se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sabia ou não da iniciativa.

De passagem pela Assembléia Legislativa, Alvaro afirmou que o crime está em usar a máquina pública para golpear adversários e não em divulgar as informações.

Para Alvaro, a entrada da Polícia Federal no caso somente terá resultados se houver liberdade para investigar. ?O que eu acho uma grande contradição é o governo falar que vai investigar o vazamento e não a elaboração. Eles só querem investigar a conseqüência e não a causa?, atacou.

Embora não admita que tenha vazado as informações para a revista Veja sobre o suposto dossiê, como vem sendo acusado pelos governistas, Alvaro repetiu que os dados não estavam protegidos por sigilo. Ele citou que as informações sobre despesas da presidência da República passaram a ser secretas por meio de um decreto de 2003, baixado pelo presidente Lula. ?Como o decreto não é retroativo, as informações anteriores são públicas?, disse o senador.

Consulta prévia

Alvaro também informou que, antes da publicação da reportagem da revista Veja, conversou com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), relatando o que sabia sobre o dossiê e consultando-o sobre a realização de um pronunciamento sobre o assunto no Senado. Segundo o senador tucano, o ex-presidente disse que não havia o que esconder e os dois combinaram de se encontrar para detalhar as informações. Mas antes disso, a Veja publicou a matéria. ?Foi a Veja que me furou?, brincou o senador tucano.

Ele disse que teve acesso a parte das informações, mas que não pretende revelar a origem. Alvaro afirmou que o artigo 53, parágrafo 6.º da Constituição Federal, desobriga os parlamentares de revelarem as fontes de suas informações. Entre as hipóteses citadas por Alvaro para explicar a organização do suposto dossiê está a disputa interna no PT em torno da sucessão de Lula em 2010 e a antecipação do jogo eleitoral pelo presidente, quando começou a destacar o papel da ministra da Casa Civil.

Segundo Alvaro, amigos do ex-ministro José Dirceu ainda ocupam cargos no Palácio do Planalto e, no momento em que Dilma começou a aparecer, podem ter entrado em ação para desgastá-la, divulgando o suposto dossiê. ?Que a ministra é responsável é incontestável. E isso é um exemplo do que pode ter acontecido?, afirmou.

Vargas diz que tudo é marola da oposição

Ao visitar o plenário da Assembléia Legislativa, logo depois do senador Alvaro Dias (PSDB), o deputado federal André Vargas (PT) rebateu as críticas do tucano, afirmando que a oposição está com uma ?agenda de fundo de quintal?, destinada unicamente a obstruir o governo para melhorar suas perspectivas eleitorais em 2010.

Para Vargas, a denúncia sobre o dossiê contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) faz parte de uma estratégia da oposição. Na opinião de Vargas, assim como apostou nas denúncias do ?mensalão? para evitar a reeleição do presidente Lula, a oposição está agora empenhada em tentar impedir que governe. ?Eles acham que quanto mais obstáculos colocarem, mais chances eles terão de eleição em 2010?, afirmou. O deputado afirmou ainda que o senador tucano é contraditório nas suas posições. ?Ele afirma que é crime ter um banco de dados, mas não acha que é criminoso distribuir as informações?, comentou.

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