Impasse

Aliança entre PDT e PT está ameaçada no Estado

Somente a intervenção do presidente Lula pode salvar o acordo eleitoral entre o PT e o PDT do Paraná, que chegou a um impasse ontem. O PT não abdicou da pré-candidatura de Gleisi Hoffmann ao Senado e o pré-candidato do PDT ao governo, senador Osmar Dias, não desistiu de condicionar a aliança à mudança de posição da ex-presidente estadual do PT na chapa para candidata a vice-governadora.

Como nenhuma das partes se rendeu, foi cancelada a reunião que estava programada para ontem e o diálogo está temporária ou definitivamente interrompido, dependendo de como irão proceder a direção nacional do PT e o presidente Lula, o fiador do acordo concebido para fortalecer a candidatura da ex-ministra Dilma Rousseff (PT) à presidência da República.

“Não vão me jogar no mar, sem boia”, disse o senador Osmar Dias (PT), afirmando que em nenhum momento escondeu que a aliança com o PT no estado estava condicionada à atração dos demais partidos da base aliada de Lula no Congresso Nacional.

E a pré-candidatura de Gleisi ao Senado impede a aproximação do PP e PMDB, já que ambos os partidos têm seus próprios candidatos ao Senado. Ao mesmo tempo em que Gleisi como candidata a vice-governadora seria a garantia de que o PT estaria comprometido com a campanha ao governo, destacou o senador.

Os aliados próximos de Osmar destacam que o senador não pretende se ver na mesma condição do senador Flávio Arns, agora no PSDB, que candidato do PT ao governo em 2006, viu-se abandonado pela corrente majoritária do PT que concentrou todas as energias na eleição de Gleisi para o Senado. “Eu preciso da garantia de que o PT irá abraçar minha campanha”, afirmou o senador.

Desilusão

O presidente estadual do PT, Ênio Verri, disse que o PT do Paraná fez todos os esforços para consolidar o acordo, mas que a partir de agora, não tomará mais nenhuma iniciativa para retomar o diálogo com o senador. “Estamos decepcionados com a maneira como se desenrolou o processo. Não temos mais o que fazer”, afirmou Verri.

O dirigente petista também disse que, por vezes, parece que o senador Osmar Dias está procurando um motivo para desistir do acordo com o PT. “Estamos conversando há quase um ano. E não há mensagem mais explícita de desinteresse do que o cancelamento da reunião. Não me sinto otimista com a possibilidade de uma aliança onde se pensa muito e se faz pouco”, afirmou o presidente estadual do PT.

Ele também disse que o senador Osmar Dias, na reunião com o presidente da República na semana passada, havia concordado em desistir da indicação de Gleisi como candidata a vice-governadora.

Para Verri, volta a ganhar força no partido a tese da candidatura própria ao governo, que será discutida em reunião da executiva marcada para a próxima segunda-feira. Os nomes apresentados internamente são o do ex-prefeito de Londrina Nedson Micheleti e da ex-secretária de Ensino Superior Lygia Pupatto.