Aliados garantem que Lula é candidato em 2006

O ex-ministro da Educação e ex-presidente do PT, Tarso Genro, garantiu ontem durante seminário ?Desafio do PT e do Brasil?, em São Paulo, que o presidente Lula será candidato à reeleição no ano que vem. ?Eu posso te garantir que 90% do partido ou mais está coeso em torno da candidatura do presidente Lula?, disse o ex-ministro. Tarso também rebateu às críticas que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez anteontem, quando afirmou que gostaria que Lula fosse mesmo candidato, por ser fácil de ser derrotado.

Genro afirmou que também preferia ver o ex-presidente FHC na disputa, porque o povo poderia comparar os dois governos. Já o presidente do partido, Ricardo Berzoini, foi prudente ao falar da provável candidatura de Lula, dizendo não querer antecipar a campanha, mas adiantou que a candidatura de Lula é o desejo do partido, num indicativo de que o assunto está definido.

Os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), também concordam que Lula errou ao voltar atrás no lançamento da candidatura à reeleição em 2006. Em entrevista após solenidade do Dia da Bandeira, no salão nobre do Senado, Renan e Aldo afirmaram que a população precisa ter mais ?consciência? do jogo político no atual momento, de crise. ?A questão eleitoral está indiscutivelmente muito presente, tanto que quando o presidente Lula anunciou a candidatura achei que do ponto de vista tático era a melhor coisa que ele poderia fazer?, afirmou Renan. ?Mas ele considerou um ato falho, paciência.?

Ao lado de Renan, Aldo concordou. ?Eu diria que, já que a disputa está tão acirrada e lançada a campanha eleitoral, talvez o melhor fosse assumir que há uma disputa eleitoral e ela tem repercussão eleitoral?, ressaltou o presidente da Câmara. ?O que não pode acontecer é essa disputa se colocar acima dos interesses da população?, completou, referindo-se à dificuldade do governo em aprovar projetos no Congresso.

A reeleição de Lula é um tema dominante no debate político e envolve até as polêmicas das três CPIs no Congresso, a dos Correios, dos Bingos e do Mensalão, que encerrou seus trabalhos esta semana. Até o presidente Lula se enrosca ao tocar no assunto, comentendo deslizes como anteontem, quando afirmou que será candidato à reeleição e, em seguida, disse que a declaração saiu ?sem querer?, porque ainda não se decidiu.

No entanto, a candidatura de Lula é dada como fato, além de ser uma necessidade para o governo e o PT. O ex-ministro e deputado federal José Dirceu (PT) foi quem mais bem definiu a necessidade que o partido e os petistas têm da candidatura do presidente à re-    eleição. ?Ele (Lula) não tem alternativa para defender sua história, a biografia dele e do PT. Ele tem que ser candidato?, afirmou Dirceu. Para o deputado, é por esta razão que a oposição se esforça para enfraquecer o presidente, atacando suas bases mais fortes, como o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, considerado responsável pela estabilidade econômica, uma das razões da impopularidade de propostas radicais como a do impeachment.

Sem desfiar todos estes argumentos, na sexta-feira o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, foi curto e grosso em Curitiba, Lula é candidato, sim, à reeleição, e este é o principal objetivo a curto prazo do PT. O presidente no entanto tem dito que só vai definir a sua candidatura no ano que vem. Não se trata de hesitação, mas apenas uma forma de não antecipar uma campanha que, quer queiram ou não os petistas e a oposição, já começou lá por março e abril. E que seria ainda mais encarniçada, se Lula admitesse agora. Aí sim, o pouco de governo que existe atualmente, seria impraticável.?

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