Aliados do PT pedem comando suprapartidário

Os aliados do pré-candidato do PT a prefeito de Curitiba, o deputado estadual Angelo Vanhoni, querem uma maior presença no processo de condução da campanha. A intenção do grupo – do qual participam lideranças do PTB, PMDB e PC do B – é fazer com que seja criado um comando de campanha suprapartidário. O grupo deseja comandar ainda a linha que seria adotada nos programas de rádio e TV do candidato.

A reivindicação vem sendo feita principalmente por lideranças municipais do PTB que, no início do mês, reafirmaram o interesse do partido de buscar uma aliança com o PT em torno da candidatura do deputado Angelo Vanhoni, embora não tenham descartado totalmente a possibilidade de sair com candidato próprio a prefeito de Curitiba. Os petebistas também manifestaram seu desejo de contribuir com a experiência dos seus quadros – como o deputado federal Iris Simões e o deputado estadual Carlos Simões – para o desenvolvimento da campanha do petista.

O vice-presidente nacional do PTB, Flávio Martinez, disse que o partido tem um compromisso com o PT nacional até 2006 (a aliança que a cúpula nacional do partido firmou com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva), que foi costurado pelo ex-presidente nacional da legenda, deputado federal José Carlos Martinez, morto em outubro do ano passado.

Flavio Martinez disse ainda que as lideranças petebistas podem oferecer uma grande contribuição à campanha de Vanhoni. Na realidade, esta contribuição já vem sendo feita. No último dia 14, reforçando o compromisso de uma aliança entre os dois partidos, um grupo de lideranças do PTB participou da discussão do plano de governo do candidato do PT a prefeito.

Precaução

A intenção dos aliados de Vanhoni é evitar o que ocorreu nas eleições de 2000, quando o candidato do PT e seus correligionários tomaram as decisões principais relativas à campanha mas, mesmo com a votação histórica obtida pelo petista, acabaram sendo derrotados para o prefeito e candidato à reeleição Cassio Taniguchi (PFL) no segundo turno da disputa eleitoral.

Isto também ocorreu mesmo com o apoio que o candidato do PT recebeu de vários aliados de outros partidos no segundo turno da disputa. Estes aliados foram ouvidos em muitos momentos da campanha, inclusive na definição da linha adotada nos programas eleitorais e no debate na TV do qual participou o candidato, mas as decisões finais foram tomadas, em sua maioria, pelo grupo de petistas que conduziram a campanha.

Os aliados de Vanhoni acreditam que é necessário abrir a campanha a uma participação ampla de todas as legendas que apóiam a candidatura do deputado, para aumentar suas chances de vitória e fazer frente ao seu principal adversário na disputa – o vice-prefeito de Curitiba e pré-candidato do PSDB, Beto Richa.

Caíto defende direito à candidatura

Peemedebistas que integram o primeiro escalão do governo estão buscando manter distância da queda-de-braço entre seus companheiros do partido em Curitiba, que se dividem entre a ala majoritária, que defende a aliança com o PT na disputa à Prefeitura e o grupo que prega o lançamento de candidatura própria à sucessão do prefeito Cássio Taniguchi (PFL). Alguns, entretanto, buscam uma conciliação entre as duas alas, defendendo a discussão de candidatura própria, mas com o cuidado de não excluir a coligação com o PT. “Acho que este é o momento de plantar. Sempre digo que em eleição existe o momento de plantar e o de colher. Este é o momento em que cada filiado do partido tem o pleno direito de lançar sua candidatura”, afirmou o chefe da Casa Civil, Caíto Quintana, que está na França, onde integra a comitiva do governador Roberto Requião (PMDB), cujo retorno está previsto para o próximo sábado.

Para Quintana, o PMDB deve examinar suas opções de nomes, sem que isso possa ser entendido como uma rejeição a um acordo com o PT. “É burrice estar na intransigência eventual de nós termos a possibilidade de uma coligação ideologicamente bem formada, e apenas por questão partidária nós querermos impor candidaturas. Acho que a coligação pressupõe não existir veto nem preferência a nome algum”, avaliou o secretário.

Quintana acha que os dois grupos devem “depor as armas” e futuramente conversar serenamente sobre alianças. “Logo na frente temos que, desarmados, conversar sobre coligações. Se o nome para a disputa da Prefeitura de Curitiba, com melhor amparo eleitoral, for o do Ângelo Vanhoni (PT), acho uma grande escolha. A relação do Vanhoni conosco é muito antiga e de absoluta confiança. No entanto, acho que este momento é de os partidos pensarem em fortalecer seus candidatos”, afirmou o secretário.

Na visão do governo, o PT e o PMDB terão este ano todas as condições de retornar à Prefeitura de Curitiba, sob controle do grupo originalmente liderado pelo ex-governador Jaime Lerner (PSB) desde 88. “Acho que o grupo que está na Prefeitura, como qualquer grupo que está no poder, sempre é respeitável. Ninguém no voto chega ao poder sem ter uma articulação política. Agora, acho que é um ciclo que está se encerrando”, afirmou Quintana. Para o secretário, o primeiro sinal de esgotamento da força eleitoral de Taniguchi e seus aliados foi a eleição do governador Roberto Requião, em 2002.

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