Aécio critica ideia de Patrus de confrontar popularidade

O ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves (PSDB) criticou hoje a disposição da coligação em torno de Hélio Costa (PMDB) de recorrer ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para confrontar sua popularidade na corrida estadual. Aécio chamou de “patética” a declaração de Patrus Ananias (PT), candidato a vice na chapa encabeçada pelo peemedebista, que sugeriu uma disputa entre as popularidade de Lula e do tucano no segundo maior colégio eleitoral do País.

Aécio também apontou uma tentativa de despolitização da campanha no Estado. “Lamento que talvez o desespero ou o temor pelas últimas pesquisas eleitorais leve uma liderança que todos por ela tínhamos respeito a querer transformar a eleição em Minas Gerais em um concurso de popularidade aos tempos de Marlene e Emilinha Borba”, ironizou Aécio, em referência às populares cantoras da era do rádio.

Após o crescimento das intenções de voto no governador Antonio Anastasia (PSDB), candidato à reeleição – após o início do horário eleitoral, vinculado à imagem de Aécio, o candidato conseguiu reverter uma desvantagem de mais de 20 pontos porcentuais e chegou ao empate técnico com Costa, segundo a última pesquisa Ibope -, a aliança PMDB/PT procura nacionalizar a sucessão estadual, tentando colar em Anastasia a pecha de candidato anti-Lula e anti-Dilma Rousseff, com a confiança de que a presidenciável petista vencerá a disputa com José Serra (PSDB) no primeiro turno.

Visitas

A estratégia já foi deflagrada no programa eleitoral gratuito na TV. O presidente já se comprometeu a gravar novas inserções para a campanha de Costa e, na noite de ontem, Patrus acertou em Brasília mais três visitas de Lula ao Estado até as eleições de 3 de outubro. No dia 8, o presidente estará em Belo Horizonte e Contagem, na região metropolitana. A coligação tenta ainda transferir de São Paulo para capital mineira o comício de encerramento da campanha de Dilma, no dia 28.

A campanha de Costa tenta também pegar carona no crescimento das intenções de voto presidenciável petista no Estado e combater o chamado “Dilmasia” – o apoio simultâneo a Dilma e a Anastasia. “Somos em Minas os representantes do governo Lula e da Dilma”, reforçou Patrus, destacando que um governo estadual “afinado com o governo federal poderá avançar muito mais”.

Regime autoritário

Em Ribeirão das Neves, onde esteve pela manhã ao lado de Anastasia, Aécio disse que sua relação com Lula – “Temos uma visão política muito parecida” – impede que a estratégia de petistas e peemedebistas tenha sucesso junto ao eleitorado.

“Estamos em campos opostos, sempre soubemos sentar, dialogar e construir parcerias. A nossa amizade ultrapassou eleições”, afirmou o tucano, candidato ao Senado. “Não vamos retroceder a tempos tristes do regime autoritário, onde esse discurso era o discurso dos generais: ‘Temos que ter governantes alinhados com o governo federal’. Por isso eles impunham, indicavam os governantes”, disse.