Policiais federais param e determinam início de greve

Policiais federais cruzaram os braços por uma hora em todo o País nesta quinta-feira (15), em ato que marcou a entrada da categoria em estado de greve, em defesa da segunda parcela do reajuste, de 30%, que ficou pendente do acordo salarial de 2006. O movimento foi deflagrado em meio às incertezas causadas pela demora do presidente Lula em definir os nomes do novo ministro da Justiça e do futuro diretor-geral da PF, em substituição aos atuais ocupantes, Márcio Thomaz Bastos e Paulo Lacerda, demissionários.

Utilizada pelo governo Lula como espécie de peça publicitária durante a campanha eleitoral, as operações da PF diminuíram. De 1º de janeiro até agora, foram realizadas apenas 8 operações, média de uma por semana. Em dezembro, foram 21, ou quase uma operação por dia útil, em média.

Os policiais usaram o ato para protestar também contra o anteprojeto de lei orgânica elaborado pelo Ministério da Justiça que desagradou a grande parte da categoria. A paralisação atingiu cerca de 30% dos policiais, pelos cálculos da direção da PF, abrangendo delegados, agentes, escrivães e peritos. Em Brasília, o ato foi realizado em frente ao edifício sede da instituição, com a presença de grande número de delegados.

Só o pessoal administrativo não aderiu ao movimento, por não se considerar contemplado na pauta de reivindicações, conforme nota divulgada por sua associação. Para a Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), cerca de 50% cruzaram os braços por uma hora. Em alguns estados a paralisação durou todo o período da manhã. O presidente da entidade, Marcos Vinício Wink, considerou o movimento positivo e um aviso claro de que a categoria não vai tolerar a quebra do acordo.

Mas conforme a PF, nenhum serviço essencial foi atingido. A única operação prevista para ontem, a Rio Nilo, que desmantelou uma quadrilha de fraudadores do fisco em São Paulo Amazonas, também não foi afetada. A paralisação foi simbólica e não preocupou o governo, mas deixou a direção da PF em alerta porque há clima para radicalização, caso o governo não pague a segunda parcela do acordo.

"Temos uma carta assinada pelo ministro. Se o governo não cumprir o acordo, vai haver greve fatalmente", disse o presidente da Associação dos Peritos Criminais Federais, Octávio Brandão, um dos líderes do movimento. É a primeira vez que sua categoria participa de uma paralisação junto com os demais segmentos da PF.

Todos estão preocupados com o vazio do poder, com a demora da reforma ministerial. A ausência de interlocutores já afeta inclusive o desempenho da PF, que reduziu drasticamente suas operações especiais de combate à corrupção e ao crime organizado.

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