Plame diz que revelação de sua identidade foi retaliação

Valerie Plame, agente da CIA cuja identidade foi revelada em 2003, afirmou hoje, em depoimento na Câmara dos Representantes, que o vazamento da informação ocorreu por razões políticas. Respondendo em público pela primeira vez a perguntas de deputados sobre o caso, ela se disse vítima da politização do serviço de inteligência por parte da Casa Branca.

A identidade da ex-agente da CIA teria sido revelada por funcionários do governo federal como forma de retaliar o marido de Valerie, o ex-embaixador Joseph Wilson, um crítico obstinado da campanha americana no Iraque. "Minha identidade foi usada de maneira negligente por altos funcionários da Casa Branca e do Departamento de Estado", afirmou. A ex-agente contou ainda que ficou chocada ao saber do vazamento pelos jornais. "Foi um soco no estômago. Minha carreira acabou naquele instante porque não poderia mais realizar o trabalho para o qual havia sido exaustivamente treinada".

Por fim, Valerie ironizou a administração Bush, dizendo que estava preparada para tudo, até para ser desmascarada por inimigos estrangeiros, mas nunca pelo próprio governo americano. "É uma terrível ironia que tenham sido funcionários federais americanos que destruíram o caráter confidencial do meu cargo", declarou. "Se nosso governo não consegue proteger minha identidade, qualquer um que hoje esteja cogitando servir a CIA fora do país deve pensar muito antes de aceitar o trabalho".

Investigações sobre o vazamento da identidade secreta da ex-agente da CIA revelaram o envolvimento do chefe de gabinete do vice-presidente americano Dick Cheney, Lewis "Scooter" Libby, que foi condenado na semana passada por obstrução da Justiça, falso testemunho e perjúrio. Apesar do desejo dos democratas de aproveitar ao máximo o escândalo e tentar envolver funcionários mais graduados do governo Bush, é pouco provável que as audiências na Câmara dos Representantes tragam novas informações para o caso.

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