Photocook: culinária e fotografia

O fotógrafo Paulo Braga uniu ao dia a dia profissional um de seus grandes prazeres: a culinária. São 15 anos de experiência em lidar com a imagem dos alimentos, prontos ou não. Segundo ele, as duas artes têm algo em comum: ?A fotografia exige intuição com a luz e a gastronomia, com o tempero?. Para atender às necessidades de cada foto, Braga montou uma cozinha experimental em seu estúdio, o Photocook – projeto inspirado nas cozinhas de fazenda.

O espaço, que antes era um jardim, foi fechado por cobertura em declive, feita com estrutura de ferro e chapas de policarbonato – por ela, a água corre sem parar. ?Esse recurso reduz a temperatura em 4 graus, tornando o local fresco?, explica. Com 36 metros quadrados, a cozinha de Paulo Braga comporta um balcão de alvenaria com acabamento em graxa de sapato preta. ?No lugar da cera, uso esse tipo de graxa, que tinge o cimento queimado?, diz.

Nessa ilha de trabalho fica o fogão cooktop Bosch, com quatro bocas, em inox. Como Braga prefere manter os utensílios à mão, instalou um paneleiro de ferro suspenso sobre o balcão. No lado oposto, a bancada – que dispõe de cuba dupla – termina junto ao forno e ao fogão a lenha, de onde saem delícias como o pão de queijo, receita de sua avó: ?A massa é leve porque leva polvilho e farinha de fubá?, explica o mestre-cuca.

Colecionador de antiguidades

Caiadas em tom amarelo, a cor das paredes reforça o clima rústico, típico de cozinha do interior paulista – e as memórias de infância de quem passava as férias no sítio da família. Mas o clima nostálgico vai além. Grande apreciador de antiguidades, Paulo recheou o ambiente com peças garimpadas em antiquários e feirinhas mundo afora. ?Nesses lugares, meus olhos logo se voltam para os objetos culinários. Compro o que acho legal e que fica bem na minha cozinha?, confirma.

Muitos dos equipamentos ainda estão em condições de uso, como o coador com suporte de ferro, dos anos 50s. Da mesma época são o moedor de carne e a ?maleta? de ovos, usada nas quitandas. Outros precisam, no entanto, de manutenção, como a geladeira de 1920, que ele encontrou enterrada no pasto de uma fazenda. Ou ainda um fogão a gasolina que o avô utilizou em campanha na Revolução de 32. Outro achado: a máquina de café da década de 50. Ao lado, um baleiro com tampas de cobre dos anos 40, adquirido na feira da Praça Benedito Calixto.

Peixe e coração

Braga tem mesmo o dom de colecionar. Ele já reuniu chaleiras de vários estilos e materiais, expostas na prateleira sobre a bancada da pia (a Demi, da Le Creuset, em aço esmaltado). Sobre o forno a lenha, ficam as balanças, de diferentes épocas (o modelo em inox da Mimo Style, na Arpége). Na parede, há assadeiras inusitadas em alumínio e cobre, muitas vindas dos EUA (na Raul?s, a de alumínio com formato de peixe, urso ou coração). (AE)

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