PF tem prova contra acusados de envolvimento na máfia das ambulâncias

Há mais do que apenas a palavra dos donos da Planam, Luiz Antônio e Darci Vedoin, contra os três senadores acusados de envolvimento na Máfia das Ambulâncias. O caso mais documentado é o do senador Ney Suassuna (PMDB-PB). Além do depoimento de Luiz Antônio, existem grampos e documentação da Polícia Federal comprovando a parceria entre os integrantes do esquema e Marcelo Carvalho, assessor de Suassuna. As provas contra Carvalho eram tão eloqüentes que a Justiça autorizou sua prisão preventiva na Operação Sanguessuga, com mais cinco dezenas de suspeitos.

Luiz Antônio afirma ter repassado a Marcelo R$ 222 mil, pagos em 14 parcelas. Há comprovantes de depósito na conta de dois intermediários indicados por Carvalho e confirmados pelas investigações da Polícia Federal. Nas escutas da PF autorizadas pela Justiça Federal, o nome de Ney Suassuna é citado em pelo menos nove conversas – na maioria, discussões dos empresários a respeito de emendas de autoria de Suassuna para compra de ambulâncias destinadas a municípios paraibanos e ao Instituto de Planejamento, Pesquisa e Promoção de Educação e Cultura (IPPES), no Rio.

Suassuna declara que jamais teve contato com qualquer integrante da Máfia das Ambulâncias. De fato, não há registro de conversa grampeada entre o próprio Suassuna e integrantes do esquema. Os donos da Planam admitem que jamais estiveram com o senador, tendo negociado exclusivamente com Marcelo. Mas, em seu depoimento, Darci Vedoin declara que Marcelo "falava em nome do senador" e "que todos os detalhes do acordo, acertados com o assessor, eram cumpridos pelo Senador".

No caso da senadora do PT Serys Slhessarenko, o relato de Luiz Antônio Vedoin dá conta de que seu genro, Paulo Roberto, recebeu R$ 35 mil como "antecipação" do esquema em troca do compromisso futuro de que a senadora fizesse uma emenda de R$ 1 milhão para compra de ambulâncias. A senadora nega qualquer envolvimento com a máfia, diz que contra ela só há o depoimento dos Vedoin, afirma que a CPI não examinou sua defesa e, candidata ao governo do Mato Grosso, atribui o surgimento de seu nome a uma "sórdida tentativa" de afastá-la da disputa eleitoral.

Já o senador Magno Malta (PL-ES) teria chegado a admitir que usou por um ano o Fiat Ducato 1.5 preto 2001 a diesel comprado pelo esquema em nome do deputado Lino Rossi (PP-MT), apontado como um dos principais parlamentares envolvidos no esquema. Malta diz que não sabia da sua origem. O carro teria sido um "empréstimo". Conforme os Vedoin, o furgão foi entregue ao senador como comissão antecipada em troca de uma emenda futura no valor de R$ 1 milhão, que Malta acabou não apresentando. Rossi também nega a versão dos Vedoin, mas Luiz Antônio apresenta o documento de transferência do veículo em nome do deputado e uma cópia do cheque usado para pagá-lo.

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