PF ouve ex-diretor de Itaipu acusado de participar do mensalão

A Polícia Federal enviou nesta segunda-feira ao Paraná o delegado Pedro Ribeiro Alves para tomar o depoimento do advogado Roberto Bertholdo, ex-diretor de Itaipu Binacional, acusado de envolvimento com o mensalão. Preso desde novembro passado por lavagem de dinheiro, tráfico de influência, compra de sentença e grampo ilegal contra um juiz, Bertholdo revelou, conforme reportagem da última edição da revista "Veja", ter participado do esquema de captação de propina na estatal para distribuição entre "mensaleiros" do mensalão do PMDB.

Com base em investigações, a PF levantou que Bertholdo seria homem de confiança do ex-líder do PMDB na Câmara, José Borba (PR), que renunciou ao mandato para se livrar de processo de cassação. Também hoje, a PF tomou o depoimento do ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia, citado nas investigações do mensalão por ter entregue R$ 507 mil, em 2002, para o pagamento de despesas de campanha do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) ao governo de Minas, em 1998.

Mares Ghia disse à PF que nunca teve nenhum tipo de relacionamento comercial ou político com o empresário Marcos Valério de Souza, acusado de ser operador do mensalão e negou que tenha coordenado a campanha de reeleição de Azeredo. Admitiu porém, que tomou empréstimo a pedido do próprio Azeredo, para que o senador, seu amigo, pudesse saldar dívidas da campanha. Com o dinheiro, Azeredo teria pago uma nota promissória cobrada pelo ex-coordenador da sua campanha, Cláudio Mourão.

Por conta desses fatos de última hora, a PF retardou a entrega ao Supremo Tribunal Federal (STF) do relatório do inquérito do mensalão, que deveria ter ocorrido hoje. Com permissão do procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, a entrega deverá ser feita amanhã ou quarta-feira.

No relatório, a PF pedirá mais prazo para concluir as investigações, mas o Ministério Público pode entender que já há elementos para oferecer denúncia contra os envolvidos e encerrar o inquérito. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu estão livres de imputação

Entre os investigados, mais de 40 pessoas estão relacionadas por suspeita de cometimento de crimes como lavagem de dinheiro, sonegação de impostos, remessas ilegais, corrupção e caixa 2. Entre elas, há pelo menos 18 parlamentares, operadores do mercado financeiro, empresários e servidores públicos. Caso o STF concorde com a prorrogação de prazo, a PF pretende concluir o inquérito até junho.

Nessa hipótese, será aprofundada a pista que leva ao caixa 2 do PMDB, que seria comandado pelo ex-deputado Borba. A PF também pretende aprofundar as investigações sobre o envolvimento de servidores públicos, sobretudo do Banco do Brasil e dos Correios, com a rede de corrupção, operada pelo empresário Marcos Valério de Souza, que produziu o mensalão. A base dessa investigação é a sindicância que está sendo concluída pelo Tribunal de Contas da União (TCU) sobre os contratos do Banco do Brasil e da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT).

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