PF fechará cerco a rede de doleiros e instituições financeiras

Brasília (AE) – A Polícia Federal (PF) fechará o cerco, a partir de amanhã (09), à rede de doleiros e instituições financeiras que enviou recursos para a off-shore Dusseldorf Company, pertencente ao publicitário Duda Mendonça e à sócia dele, a publicitária Zilmar Fernandes de Oliveira, nas Bahamas. Esse é o último elo que falta para comprovar se foi Duda Mendonça quem remeteu recursos para a Dudesldorf no exterior, por meio de doleiros de confiança dele, e não o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, acusado de ser operador do caixa dois do PT e do "mensalão", mesada paga a parlamentares em troca de apoio ao governo.

A confirmação desse dado abre caminho para o pedido de prisão preventiva do publicitário, negado no início das investigações, mas que volta a ser considerado agora na PF e no Ministério Público Federal (MPF). Em depoimento na segunda-feira (05), Valério disse à PF que jamais orientou Duda Mendonça a abrir empresa ou contas no exterior, nem fez qualquer remessa para fora do País. Informou também que os R$ 15,5 milhões que destinou ao publicitário, a mando do ex-secretário nacional de Finanças e Planejamento do partido Delúbio Soares, foram pagos no Brasil a indicados por Zilmar, entre eles o doleiro Jader Kalid Antônio, de Belo Horizonte.

Acusado de ser cabeça de uma organização especializada em remessas ilegais de divisas, Antônio será interrogado segunda-feira (12) pela PF em Minas Gerais. "Não temos por que desacreditar em Valério e estamos muito perto de confirmar que foi mesmo Duda quem remeteu os recursos para a Dusseldorf", afirmou um delegado federal que atua no inquérito do "mensalão". Com isso, o publicitário teria cometido três crimes: evasão de divisas, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal.

Por ter meios de fuga e ter mentido à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), Duda Mendonça preenche requisitos para a decretação de prisão provisória ou temporária. Publicitário do governo, ele foi o responsável pela campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, e criou a marca Lulinha Paz e Amor.

Em 1998, ele fez a campanha do ex-prefeito Paulo Maluf (PP), de quem também teria recebido depósitos no exterior, mas numa outra conta, identificada pela PF pelo nome de Eleven.

O procurador-geral da República, Antônio Fernando Barros de Souza, passou o dia hoje debruçado sobre o pedido que fará às autoridades dos Estados Unidos e das Bahamas para rastreamento da movimentação financeira da Dusseldorf e das contas que a abasteceram no exterior.

Por meio da assessoria, Souza disse que esse ainda não é o momento de analisar o pedido de prisão do publicitário, que deverá ser chamado a prestar novo depoimento à PF nos próximos dias, desta vez, em Brasília.

O primeiro foi em Salvador, terra natal, onde ele compareceu, espontaneamente, há três semanas, sem a presença dos principais delegados que atuam no caso.

O Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) do Ministério da Justiça definiu hoje o conteúdo do formulário que enviará aos EUA pedindo a quebra de sigilo das contas que abasteceram Duda Mendonça, com base no tratado de cooperação entre os dois países. Aguarda apenas que o procurador-geral defina as contas a serem rastreadas e a extensão da medida.

Uma equipe do DRCI viaja aos EUA e às Bahamas, provavelmente, na próxima semana para tratar do assunto com as autoridades locais.

O pedido brasileiro de rastreamento deverá incluir as contas pessoais de Duda Mendonça e da sócia dele e ainda dos abastecedores que as alimentaram. A PF quer investigar também a suspeita de que o PT se serviu desse esquema para movimentar recursos do caixa dois da legenda.

Entre as instituições financeiras que serão investigadas estão o MTB Bank, de Nova York, o Banco Rural International e o BankBoston.

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