Petrobras cede e adia negociação sobre preço do gás

A Petrobras e a estatal boliviana YPFB decidiram adiar mais uma vez o prazo para negociações a respeito do preço do gás importado pelo Brasil. A estatal brasileira pretendia encerrar as negociações em reunião amanhã, sem conceder o aumento pedido por La Paz, mas cedeu aos apelos dos bolivianos e aceitou manter as conversas até 10 de dezembro. O prazo anterior vencia no sábado.

Segundo observadores próximos às negociações, a YPFB pretende empurrar as conversas à espera de um aumento nas cotações internacionais do gás natural, que costuma ocorrer com a chegada do inverno no hemisfério norte.

De fato, os contratos de gás para novembro fecharam ontem em Nova York a US$ 7,153 por milhão de BTU (unidade térmica britânica, na sigla em inglês), valor 36% superior à mínima do ano, de US$ 5,392, atingida em setembro. Segundo esse raciocínio quanto mais altas as cotações internacionais, mais poder de pressão tem a Bolívia nas negociações.

A YPFB recebe hoje pouco mais de US$ 4 por milhão de BTU vendidos ao Brasil. O governo da Bolívia já anunciou que quer chegar, pelo menos, ao valor acertado com a Argentina no mês passado: US$ 5 por milhão de BTU. Os negociadores brasileiros argumentam, porém, que a Petrobras já paga esse valor na fronteira, se a conta incluir o custo do transporte desde os campos produtores, no sul do país, até o ponto de entrega no município de Rio Grande (RS).

Uma fonte próxima às negociações informou que a estatal brasileira não aceita comparar preços com as cotações internacionais, uma vez que não há como exportar o gás boliviano para outros continentes neste momento. Nos últimos meses, essa comparação vinha sendo favorável à Petrobras, já que, quando La Paz pediu a revisão do contrato, no início do ano, os contratos negociados na Bolsa de Mercadorias de Nova York (Nymex) chegaram a bater os US$ 16 por milhão de BTU.

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