Pesquisa mostra recuperação da indústria, com aumento de emprego e renda

Brasília – Os indicadores divulgados nesta quarta-feira (9) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), relativos ao primeiro trimestre do ano, mostram um cenário favorável para a indústria de transformação, com vendas reais 4,1% maiores que em igual período do ano passado. Na mesma base de comparação, a remuneração do salário cresceu 6,4%, o emprego aumentou 3,5%, e as horas trabalhadas na produção evoluíram 2,2%.

Esse quadro é conseqüência do ambiente geral de recuperação que começou a se delinear, de forma mais forte, em meados do ano passado, explicou o coordenador de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco. Ele disse que o quadro é de crescimento da capacidade instalada da indústria, que encerrou março em 82%, contra 80,3% no mesmo mês de 2006.

De acordo com Castelo Branco, o melhor é que não se vislumbra "nenhuma ameaça de reversão desse crescimento", que ocorre porque "o ambiente de negócios melhorou no mercado doméstico", com a queda dos juros de setembro de 2005 para cá. Ele afirmou que os juros continuam altos, mas disse que "a queda deve se acentuar", com impacto positivo na recuperação do mercado de trabalho, com mais emprego e renda.

Os números da CNI batem de frente com o relatório divulgado na véspera pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), que traçou um quadro preocupante de "desindustrialização" do país de 2004 para cá.  O diagnóstico é "muito forte", diz o representante da CNI, ao destacar que "o alerta foi dado" para que se busquem políticas para atenuar os efeitos do câmbio e redução da carga tributária.

Ele ressaltou, contudo, que o crescimento industrial tem acontecido de forma concentrada, em setores que mostram mais intensificação de produção para atender a crescente demanda mundial. É o caso do refino de petróleo e álcool, setor que cresceu mais no trimestre, com ganhos de 9% sobre mesmo período de 2006.

Houve aumento acentuado também na indústria de couros e calçados, em 6%, mais por conta do trabalho dos curtumes para atender à demanda externa por couros; e crescimento significativo de 4,3% no setor de máquinas e equipamentos, principalmente em razão da forte procura por maquinário agrícola, como destacou o economista da CNI.

Dos 19 segmentos da indústria de transformação, 13 cresceram, embora com pequena recuperação; salvo os três já citados. A involução ficou por contas dos setores de veículos automotores (-5%), material eletrônico e de comunicação (-1,6%), máquinas e aparelhos elétricos (-0,9%), madeira (-0,6%) e móveis (-0,4%).

Segundo  Castelo Branco, esses setores sofrem mais os efeitos da "competição acirrada de produtos estrangeiros". Para ele, o maior culpado disso é a valorização da taxa de câmbio, com o real muito forte em relação ao dólar norte-americano, o que retira competitividade do produto nacional.

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