Pesquisa indica que Câmara cassaria José Dirceu

Apesar de todo o esforço que tem feito, tentando falar com cada um dos 512 colegas que decidirão seu futuro, o deputado José Dirceu (PT-SP) dificilmente escapará da cassação do mandato quando o plenário da Câmara votar a recomendação do Conselho de Ética. Votação secreta simulada na Câmara pelo Instituto Ascende em colaboração com a Kramer & Ornelas Consultoria – feita por encomenda do Grupo Estado – indica que a tendência é de cassação.

Foram a favor da perda do mandato 55% dos deputados que participaram da pesquisa. Votaram pela absolvição de José Dirceu 29,8%. Outros 7% optaram pela abstenção e 8,3% votaram em branco nulo ou preferiram não responder. Aceitaram participar da simulação 242 dos 404 deputados contatados pelo instituto. Na Câmara há um total de 513 deputados.

O resultado aponta, segundo análise dos pesquisadores Paulo Kramer e Ricardo Caldas, do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília, a preocupação da maior parte dos deputados em "mostrar-se sensível ao clamor generalizado da opinião pública, que repudia a transformação da crise política em pizza". Na avaliação dos dois, a cassação de Dirceu é simbólica, pela importância daquele que, como ministro-chefe da Casa Civil, foi o braço direito do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos primeiros dois anos e meio de governo.

Os professores lembram que está em jogo o futuro político dos próprios deputados, que no ano que vem tentarão mais um mandato e se esforçam para melhorar a imagem da Câmara, marcada pelas denúncias de corrupção. Um dos caminhos seria rejeitar a impunidade para os parlamentares acusados.

"A Câmara dificilmente escapará a esse estigma – derrogatório para a imagem da instituição e perigoso para a sobrevivência eleitoral de muitos deputados – se não punir o político que é considerado idealizador e principal operador do esquema de pagamentos em dinheiro a parlamentares em troca de apoio às propostas do governo Lula", afirmam Paulo Kramer e Ricardo Caldas, na conclusão do trabalho.

Embora a votação tenha sido secreta, 185 deputados deram seus nomes, o que permitiu ter uma idéia da porcentagem por partidos. O resultado se aproxima muita da divisão por bancadas na Câmara.

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