Peixes graúdos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desfruta sólida posição em termos de avaliação de sua popularidade junto à população brasileira. Pelo menos essa tem sido a indicação detectada pelas pesquisas de opinião pública. Contudo, no recente levantamento do Instituto Sensus para a Confederação Nacional dos Transportes (CNT), enquanto Lula mantém folgada margem de aceitação por parte do eleitorado, o conceito da sociedade sobre a administração propriamente dita é bastante ruim.

Na época da ditadura militar, numa viagem ao Nordeste, o então general-presidente Garrastazu Médici afirmou que a economia nacional ia muito bem, mas ao contrário do esperado, o povo passava mal.

Dizendo de outra forma, Lula parece repetir a realidade aparentemente antagônica. Ao passo que tem boa avaliação popular, na outra ponta, o governo que preside está com a imagem em acelerado processo de desgaste. Ou seja, o suposto núcleo duro da administração (Lula, Dilma Rousseff, Guido Mantega, Paulo Bernardo e Walfrido Mares Guia) não consegue fazer chegar aos setores intermediários – com a firmeza necessária – a voz de comando.

O nervo ficou ainda mais exposto com a distribuição do estudo feito pelo Banco Mundial (Bird) sobre Assuntos de Governança, no qual se observa que em 2006 o controle da corrupção no Brasil caiu na escala de zero a cem para 47,1, o pior índice dos últimos dez anos.

O índice ?mede a extensão em que o poder público é usado para ganhos privados, incluindo pequenas e grandes formas de corrupção, assim como o ?seqüestro? do Estado pelas elites e pelos interesses privados?, segundo registro do site de notícias da BBC.

Por uma dessas lamentáveis coincidências, o relatório do Bird quanto ao avanço inexorável da corrupção sobre o Estado foi divulgado um dia depois de a Polícia Federal efetuar a prisão de empresários da indústria naval que corromperam executivos de alto nível da Petrobras, também presos, com a finalidade de viciar licitações para a construção de plataformas marítimas.

A criatividade da Polícia Federal ao intitular as operações rotineiras no combate à corrupção endêmica existente no País, mais uma vez, acertou ao denominar a ação de ?Águas Profundas?, onde estão os peixes graúdos.

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