Pefelista acusa ex-ministro de dar cargos para ‘inflar’ Partido da República

O deputado Márcio Junqueira (PFL-RR) acusou o senador Alfredo Nascimento (PR-AM), ex-ministro dos Transportes, de usar verbas e cargos do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT) para tentar convencê-lo a trocar o PFL pelo PR – o Partido da República, nome com que foi rebatizado o PL. O DNIT é o órgão responsável pela construção e manutenção das estradas federais.

A operação teria a concordância do presidente do PR, deputado Valdemar Costa Neto (SP), que renunciou na legislatura passada para não ser julgado pelo Conselho de Ética por causa do escândalo do mensalão. A manobra só não teria ido em frente por causa da resistência do líder do partido na Câmara, Luciano Castro (RR).

A conversa entre Junqueira e Nascimento ocorreu um dia depois da posse dos novos deputados e foi testemunhada pelo senador João Ribeiro (PR-TO). Num segundo momento, Castro participou também das negociações e teria vetado qualquer acordo que permitisse o ingresso de Junqueira no PR por se tratar de seu principal adversário político em Roraima.

Na ocasião, o ex-ministro teria chamado o líder do PR, segundo relato de Junqueira aos líderes do PFL. Na versão do pefelista, a conversa foi sem rodeios. ?Alfredo Nascimento foi direto. Ele contou para Luciano Castro que eu estava indo para o PR. E joguei para não ir. Eu disse que não estava indo e que só iria numa grande divisão de espaço. Sou candidato a prefeito e Castro também. Vamos compor, mas eu disse que não era coadjuvante?, contou Junqueira.

Uma hora depois, o ex- ministro chamou Junqueira e contou que Castro teria vetado seu ingresso no PR. ?Realmente, ele disse que se você entrar no PR, ele sai?, teria informado Nascimento, sempre de acordo com o pefelista. Depois disso, os dois não conversaram mais.

O relato da tentativa de aliciamento foi feito por Junqueira aos dirigentes do PFL. Eles aconselharam Junqueira a tornar pública a acusação na tentativa de bloquear a operação desencadeada na base do governo para fazer do PR uma das bancadas mais robustas da Câmara. Nessa estratégia, a base do governo estaria autorizada a negociar cargos e verbas de órgãos federais para sangrar a oposição.

O jornal O Estado de S. Paulo entrou em contato com Wilson Wolter Filho, auxiliar de Nascimento, mas ele não conseguiu localizar o chefe. O assessor informou ainda que o senador João Ribeiro, aquele que teria presenciado as tratativas, encontra-se em viagem à China.

Outros dois deputados do PFL, Lira Maia (PA) e David Alcolumbre (AP), também receberam o mesmo tipo de assédio, mas preferiram não revelar detalhes da abordagem, embora a tenham levado ao conhecimento da direção do PFL.

Para o líder da minoria, deputado Júlio Redecker (PSDB-RS), ?estão montando um segundo mensalão?.

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