Pedra no sapato

Mordido pela mosca azul, o senador tucano Arthur Virgílio (AM), líder da bancada no Senado da República, lançou sua pré-candidatura à Presidência da República. Argumentando que o debate interno do partido sobre a sucessão de 2010 está cambaleando por falta de intensidade e dinamismo, o discutido político resolveu entrar numa disputa, a seu juízo, até aqui mantida em água morna pelos dois principais nomes do partido, os governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG).

Não se conhece, ainda, a verdadeira dimensão do potencial de Virgílio, mas a cúpula tucana não titubeou em incluir seu nome na lista de presidenciáveis do partido a ser submetida ao crivo da militância, mediante a realização de pesquisas em todos os estados da Federação. A princípio, a liderança pretende auscultar o pensamento das bases antes da realização das eleições municipais de outubro.

A iniciativa tem consonância direta com a idéia defendida por alguns setores da alta direção partidária, quanto à organização de prévias nos municípios que apresentarem as maiores dificuldades para a indicação consensual dos candidatos a prefeito.

O presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), informou que nos próximos dias pretende anunciar a criação do grupo de trabalho encarregado de organizar as prévias.

Por outro lado, o sistema a ser apresentado pelo grupo de trabalho poderá servir de modelo para um sistema de abrangência nacional a fim de escolher o candidato presidencial. Segundo Guerra, as prévias serão adotadas se não houver entendimento em torno do tucano com a maior probabilidade de vencer as eleições em 2010.

Essa é a hipótese que mais agrada ao senador Arthur Virgílio, que desde já aposta todas as fichas na adoção da medida. Sua proposta é percorrer o País durante as primárias para debater muitas questões que julga indispensáveis, mas que ainda permanecem alheias à agenda dos pré-candidatos. Alguns afirmam que, por tabela, Virgílio está de olho no governo do Amazonas.

O argumento de Virgílio não é desprezível e chama a atenção para o fato de que é necessário quebrar o paradigma, segundo o qual a definição de uma candidatura presidencial não pode ficar restrita a um pequeno grupo partidário. Como se percebe, Virgílio fala o que pensa.

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