Pecuaristas alemães apontam Porto de Paranaguá como diferencial

Se pudessem escolher, os criadores alemães de gado leiteiro e de suínos, da região norte do país, escolheriam dar a seus rebanhos ração produzida com soja convencional. A informação foi dada pelo produtor Jürgen Vollmet, um dos 28 criadores que visitaram o Porto de Paranaguá nesta terça-feira (14).

Cada integrante do grupo possui em suas fazendas de 60 a 100 cabeças de gado e abate entre 6 e 7 mil suínos por ano. O interesse em conhecer o Porto de Paranaguá partiu da necessidade de saber mais sobre a postura adotada pelo Governo do Estado, e seguida pelo porto, em não embarcar soja geneticamente modificada.

?É importante sabermos que aqui há esta legislação e parabenizo a direção do porto por manter esse posicionamento que o coloca como diferencial de mercado, ao contrário dos Estados Unidos e da Argentina, onde suas plantações são transgênicas?, disse Vollmet.

A cada dez dias, a região de Schleswig-Holstein, localizada próxima à Holanda, recebe um navio carregado com 70 mil toneladas de soja produzida na América, mas sem a identificação de qual país vem o produto. ?Apesar de serem consumidores finais, os criadores alemães preocupam-se com a qualidade do que seus rebanhos consomem, mas não podem interferir no momento da compra da ração, por isso, adquirem ração transgênica, que não possui uma rotulagem muito clara?, contou o guia do grupo Thomas Arthur Heck.

Há dois anos, uma lei editada na Alemanha exige que os próprios criadores sejam os responsáveis diretos pelos produtos originários de suas fazendas. ?É isso que nos preocupa, porque ao darmos uma ração sem qualidade ou que seja transgênica, porque não há estudos que comprovem seus resultados na saúde humana a longo prazo, estaremos assumindo um risco sobre toda nossa
produção?, declarou Vollmet.

Para o criador Claus-Peter Jessen, quando o controle dos produtos consumidos pelos animais acontece a partir de países como a Itália ou Holanda, traz uma dificuldade maior. ?Fazemos parte da Comunidade Européia e acatamos suas decisões. Mas, se pudéssemos, escolheríamos somente a soja convencional. Até mesmo se fôssemos um país produtor de soja, optaríamos pelo produto não-transgênico?, comentou.

Antes de conhecer o Porto, os criadores alemães estiveram em Curitiba, onde participaram de uma palestra na Empresa Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). Depois de Paranaguá, os visitantes conhecerão Blumenau, Palmeira, Castro, Guarapuava, Foz do Iguaçu e, por fim o Rio de Janeiro, de onde partem para a Alemanha.

Mas, antes de partirem, o pecuarista Jürgen Vollmet fez uma sugestão: ?Sugiro que o Porto de Paranaguá siga essa tendência de não exportar transgênicos, porque as pessoas consomem esses produtos sem que estudos científicos comprovem se, no futuro, eles trarão danos à saúde. Paranaguá, com essa medida, tem uma grande vantagem em relação a outros mercados?.

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