Peças para refletir estreiam no Festival de Curitiba

Duas peças que estreiam hoje no Festival de Curitiba prometem trazer muita reflexão aos seus espectadores. A primeira delas é Como se eu fosse o mundo, de Paulo Zwolinski, que chega como a primeira montagem do Núcleo de Dramaturgia do Serviço Social da Indústria (Sesi) no Festival.

Segundo o autor, a peça pretende mudar o que se entende por relacionamento. Também entrará em cartaz na noite de hoje a montagem Amoradores de rua, de Rafael Camargo.

A peça traz para a reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR) histórias de pessoas esquecidas pela sociedade: os moradores de rua. “Se cada pessoa conversasse poucos minutos com moradores de rua ganhariam o dia”. A frase é de Camargo. Ele conta que chegou a essa conclusão após pesquisar a vida dos indivíduos que moram nas ruas de Curitiba para fazer a peça.

“Poucas pessoas percebem e tampouco interagem com esses seres humanos. Resolvemos fazer essa performance num espaço público para tentar gerar uma discussão sobre essas pessoas e os espaços urbanos. Pátios que a noite não são utilizados, colunas, vias, passagens, escadas e postes viram cenário para nossa peça no estilo percurso, ou seja, um espetáculo que caminha. O expectador segue a interpretação”, explica.

Camargo conta que no primeiro momento a interação dos atores causa estranhamento no público, sensação que logo muda. “Em pouco tempo o público percebe que se trata de uma peça. Mostramos nesse trabalho os tipos cada vez mais peculiares de moradores de rua. Queremos uma discussão sobre o assunto e, para isso acontecer, nada melhor do que inseri-los num ambiente como o pátio de uma universidade”, conta.

Tudo é passado para o público através de manifestos, nos quais os atores transmitem pensamentos sobre religião, sexualidade, abandono, dentre outros assuntos. Para o diretor, “quem assistir Amoradores de rua verá um espetáculo vivo e muito criativo. É uma peça que pulsa como a rua”, define.

Relacionamento

O caso real do suicido de um pai responsável pela morte de seu próprio filho intrigou o diretor de Como se eu fosse o mundo, Paulo Zwolinski. “Quando soube dessa notícia comecei a pesquisar. Queria entrar na cabeça do pai para descobrir o que levou ele a cometer tal ato. Assim comecei a construir o drama, que sem duvidas irá cutucar as pessoas para a reflexão da vida no relacionamento”, adianta.

Zwolinski faz parte do grupo de 16 autores participantes do Núcleo de Dramaturgia do Sesi. “O grande mote do núcleo é que podemos escrever sobre o que quisermos, mas de forma potencializada. Através de encontros com colegas e orientadores temos a oportunidade de lapidar a nossa ideia de texto, tornando apto para ser repassado aos palcos”, explica.

Serviço

A peça Amoradores de rua será apresentada hoje, às 22h, no pátio da reitoria da UFPR, na esquina da Rua XV de Novembro com Rua General Carneiro, no Centro. Informações (41)8806-4857 ou www.amoradores.blogspot.com. A peça Como se eu Fosse o Mundo, estará em cartaz hoje, amanhã e domingo, às 21h, no Teatro José Maria Santos, Rua Treze de Maio, 655, em Curitiba.