PCdoB loteia cargos de confiança na Câmara Federal

Brasília – O PCdoB, partido do presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo (SP), loteou cargos de confiança da legenda na Casa entre pelo menos 11 dirigentes da sigla que moram em São Paulo. O gabinete da Liderança do PCdoB também emprega a mulher e o irmão de Aldo.

A Agência Estado teve acesso a lista de ocupantes dos chamados Cargos de Natureza Especial (CNEs) no gabinete da Liderança. A Câmara paga salários que variam de R$ 2,4 mil a R$ 6,2 mil aos 11 dirigentes e aos parentes do presidente da Casa. Há também uma militante que reside em Fortaleza, no Ceará. A lista obtida pelo Agência Estado tem 21 nomes.

Criados em 1992, os CNEs deveriam suprir uma deficiência de pessoal na Câmara e exercer funções técnicas, enquanto não fossem feitos concursos públicos. Mas se tornaram um cabide de empregos para parentes e cabos eleitorais e, mais, passaram a servir para fortalecer as estruturas dos partidos, como é o caso da Liderança do PCdoB.

No jogo político do Congresso, viraram moeda de troca nas barganhas entre os parlamentares. Tanto que os dois últimos antecessores de Aldo na Presidência, Severino Cavalcanti (PP-PE) e João Paulo Cunha (PT-SP), foram alvo de críticas pelo abuso nas nomeações. Severino empregou parentes e amigos em Pernambuco ao passo que o petista distribuiu cargos em Osasco, seu reduto eleitoral.

Os CNEs tiveram papel decisivo na própria eleição de Aldo, há dois meses. Nas negociações entre governo e setores da oposição, dezenas desses cargos foram leiloados para garantir a eleição do atual presidente, conforme relataram à reportagem deputados envolvidos nas conversas. Hoje, estima-se que haja cerca de 2.200 CNEs nomeados – a maior parte deles morando nos Estados dos deputados. A lista completa com esses nomes é um dos segredos mais bem guardados do Congresso. Todos os partidos detêm uma penca de cargos nos Estados, assim como os principais líderes da Câmara.

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