PCC banca cinco times de futebol amador em SP

Investigações da Polícia Civil apontaram a ligação de integrantes da célula do Primeiro Comando da Capital (PCC) na zona norte de São Paulo, presos na semana passada, com cinco times de várzea da região. Eles ajudavam a financiar os times e tinham cargos na diretoria dos clubes.

Segundo as investigações, Alexandre Furtado, o Tetinha, que trabalhava com Sidney Rogério de Moraes, o Lacraia, apontado como arrecadador das bocas de drogas do PCC na zona norte, é um dos diretores do Esporte Clube Mangaba. O clube é um dos 96 pré-classificados na Copa Kaiser, campeonato de futebol amador do Estado, com mais de 300 times.

A polícia também apreendeu fotos de Lacraia com a camisa do GTX Futebol Clube e documentos que o ligavam a diretoria do clube. O Expresso Futebol Society era dirigido por Fábio Franco de Oliveira, o Fabinho, que está foragido. O 9 de Julho era bancado por Emerson Aparecido Rodrigues Soares, o Garez, apontado como um dos chefões do tráfico na zona norte, preso em abril. As escutas apontaram também ligação entre Tetinha e Fabinho com o clube Explosão.

A relação entre membros do PCC e os clubes apareceu na investigação que os relacionou à escola de samba Império de Casa Verde e está baseada em mais de 500 horas de escutas autorizadas pela Justiça e em documentos apreendidos. "Ajudavam a financiar os times e até bancavam jogadores", disse o delegado Fábio do Amaral Alcântara, do Setor de Investigações Gerais (SIG) da zona norte.

A polícia vai abrir inquérito para aprofundar a investigação sobre a ligação de integrantes do PCC com os times e a escola de samba. Também pretende ouvir donos de concessionárias de carros da região que, segundo policiais, estão sendo usadas para lavar dinheiro do crime. O jornal O Estado de S. Paulo não conseguiu contactar representantes dos clubes.

A ligação de criminosos com o futebol de várzea já havia sido detectada em estudo do sociólogo Daniel Veloso Hirata, da Universidade de São Paulo. Por quatro anos, ele estudou dois times da zona sul e da zona leste e viu que a relação entre as equipes e o crime é comum. "Em um time, os jogadores recebiam R$ 100 por jogo, bancado com o dinheiro do crime", diz Hirata.

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