Pascal Lamy pode representar interesses dos países desenvolvidos na OMC

O francês Pascal Lamy, ex-comissário europeu de comércio que será alçado ao cargo de diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), poderá tomar decisões que beneficiem mais os interesses europeus, diz o ex-ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer. "É claro que a postura do Lamy é mais forte na defesa da Europa, porque ele fez isso nos últimos anos".

O professor brasileiro Luiz Olavo Baptista, um dos sete juízes do órgão de apelação da OMC, discorda. Para ele, Lamy é um "funcionário internacional" e, como tal, representará todos os países membros da OMC, e não apenas os europeus ou os países desenvolvidos.

Baptista lembrou do passado de esquerda do político francês. "As pessoas esquecem que Pascal Lamy vem do partido social cristão da França", disse o árbitro brasileiro, que participa, em São Paulo, de seminário comemorativo aos dez anos do órgão de solução de controvérsias da OMC. Segundo Olavo Batista, foi Pascal Lamy quem conseguiu convencer os europeus a darem tratamento especial aos países mais pobres em matéria de agricultura. "Ele é um homem que tem uma preocupação social", afirmou.

O professor destacou, ainda, que as decisões da OMC são de responsabilidade dos países membros, e não do diretor-geral. "Como diretor-geral, ele não decide nada. Sua atuação é muito importante, pois controla toda a estrutura burocrática que dá suporte à atuação da OMC, mas não tem poder político para decidir."

Celso Lafer disse que, para o Brasil, o importante é que ele atue com objetividade e imparcialidade. "A tarefa do diretor-geral é aproximar as partes e, para isso, ele precisa de objetividade e precisa se desvincular da posição de governo", declarou o ex-ministro, que também participa do evento em São Paulo.

Lamy foi escolhido informalmente diretor da OMC, na última sexta-feira (13), com a desistência do candidato uruguaio Carlos Pérez del Castillo. A formalização da escolha ocorrerá no próximo dia 26 e o francês assume o cargo de diretor-geral da OMC em 1º de setembro.

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