Partidos falidos

Os partidos políticos brasileiros estão falidos. Pior do que isto: estão levando à falência a ainda débil democracia brasileira. O sinal de estado de coma do nosso sistema político-eleitoral acaba de ser dado com o desmantelamento do PT, pequeno, mas que conseguiu conquistar a Presidência da República e muitos outros altos cargos executivos e legislativos, pregando ética e mudanças que atenderiam, enfim, aos reais interesses do povo. Hoje, é uma agremiação implodida, depois de haver revelado ser capaz de todas as mazelas que eram praticadas pelas outras agremiações e por ele, PT, severamente denunciadas e condenadas.

Pode haver exceções. Quem sabe se um ou outro partido ainda mereça alguma confiança por conservar um mínimo de decência. O problema é descobrir qual. E o temor é que, chegando ao poder, acabe se contaminando e igualando-se ao que há de pior na política brasileira.

O fato de o presidente Lula, na última pesquisa Sensus, aparecer com uma expressiva queda de prestígio e, segundo Ricardo Guedes, diretor técnico da Sensus, estar fora do jogo político, a realidade é que ele conserva, diante de pelo menos a metade dos brasileiros, um elevado conceito. E isso quando seu partido está aos frangalhos.

Sempre nos orgulhamos de votar em nomes e não em partidos. Como se este fosse o melhor caminho, quando a realidade comprova que é exatamente o contrário. Precisamos de um sistema político-eleitoral em que o povo vote em agremiações políticas, levando em consideração suas ideologias, programas, quadros competentes e decentes e, o que é essencial, responsabilidades. Responsabilidades partilhadas entre os eleitos e o partido. Parece absurdo que tenhamos um presidente que, com seu prestígio cadente, ainda conserve a confiança de uma parcela substancial do eleitorado quando seu partido e seu grupo simplesmente assaltaram o Brasil.

Na forma como as coisas funcionam, parece que qualquer partido que chegue ao poder sofrerá os mesmos percalços. O governo, com toda a sua estrutura, mordomias, poder e dinheiro que são manipulados como se fossem dos governantes, quando são do povo, está sendo um forte agente corruptor.

Na crise atual, é evidente que os políticos do PT e aliados aparecem como os principais suspeitos e até indiciados em maracutaias e outros escândalos. Mas nenhum partido pode dizer, de boca cheia, que de seus quadros ninguém foi envolvido numa ou outra denúncia. As agremiações da oposição aparecem como acusadoras e inocentes, salvo as só hoje reveladas irregularidades do PSDB de Minas Gerais, ocorridas há alguns anos. Mas se aprofundarem as investigações, ninguém estará isento de suspeitas.

O sistema é que precisa ser indutor da decência. Na forma como ele hoje funciona, Lula pode arrotar grandeza em seus discursos populistas, quando ao redor dele, PT, partidos aliados e o governo desmoronam. O povo ainda acredita em Lula. Menos e cada vez menos, mas o crédito que lhe dá é muito maior do que o que recebem o seu governo e o PT. Como se ele não fosse a expressão do governo e do PT.

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