Partidos discutem sucessão de Severino

Os partidos políticos já deflagraram o debate sobre a substituição do presidente da Câmara caso se confirme a saída do deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), envolvido em denúncias de recebimento de propina.

Nos bastidores os parlamentares discutem alternativas em torno de nome que, independentemente da vinculação partidária, possa recuperar a imagem e credibilidade da Câmara.

Os líderes dos partidos de oposição, que abriram a ofensiva contra Severino, e do próprio governo, não falam abertamente em nomes. Eles traçam perfis e abrem a temporada de uma nova disputa política. Severino ficou com a cabeça a prêmio depois das denúncias de que teria recebido propina para favorecer um concessionário de um restaurante na Câmara.

Na próxima semana, a oposição promete entrar com pedido de cassação de seu mandato no Conselho de Ética da Câmara, aumentando a pressão para que Severino se afaste do cargo antes mesmo do resultado das investigações.

A melhor saída, discutida até o momento para a crise, seria a escolha de um substituto de consenso que teria o apoio de todas as forças políticas da Casa. Mas o nome não viria necessariamente do PT, a maior bancada. O PT foi atingido pelas denúncias de c orrupção e, frágil, não consegue impor um nome para garantir a regra da proporcionalidade ou agregar as forças de oposição e do próprio governo.

"Temos de evitar a qualquer custo uma nova disputa. Temos de preocupar é com a recuperação da imagem do Congresso e a capacidade de a Câmara funcionar e produzir", afirmou, com cautela, o líder do PSDB, deputado Alberto Goldman (SP), ressaltando ser ainda prematuro falar em sucessão de Severino no quadro atual.

O líder do PSB, deputado Renato Casagrande (ES), sugere: "O presidente não poderá ser um instrumento nem de um lado nem de outro".

O deputado Raul Jungmann (PPS-PE), um dos envolvidos no movimento pelo afastamento de Severino, enumera três requisitos para o candidato ao cargo de presidente da Câmara. Tem que ser um deputado que efetivamente seja limpo e dê credibilidade à Casa, não faça caça às bruxas, mas que também não abra mão de investigar todos os envolvidos em denúncias.

Outra condição básica é ter trânsito suficiente para negociar uma agenda e tirar a Câmara da paralisia. "Alguém que não seja tão governista a ponto de ser instrumento do governo, mas que também não seja tão oposicionista que transmita medo ao governo e q ue não tenha diálogo com o Executivo", concluiu.

A oposição reconhece que Severino ainda tem sustentação do Planalto e de partidos da base aliada. Ou seja, ele só sai se esse apoio ruir. Em contrapartida, os petistas admitem que serão derrotados se não houver negociação com a oposição.

Em meio a esse quadro de indefinição, o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), que não tem muita força na bancada do PT por ser mais independente, vem sendo procurado por parlamentares do PSDB e do PFL, como alternativa. Seu nome tem apoio também de deputados da esquerda do PT que defendem um nome suprapartidário.

Outro petista lembrado para a sucessão do comando da Câmara é o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), líder do governo.

"Isso está fora de discussão", afirmou Chinaglia, ressaltando ser necessário nesse momento apurar as denúncias. "O único caminho é o esclarecimento cabal dos fatos", completou. Chinaglia não tem apoio do PSDB e do PFL e, portanto, sua candidatura seria de disputa e não de consenso. "Não é hora de nenhum partido falar em nomes", avaliou o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA).

Fora do PT, os nomes cogitados são dos deputados Aldo Rebelo (PC do B-SP), ex-ministro da Coordenação Política, e Eduardo Campos (PSB-PE), ex-ministro de Ciência e Tecnologia. Pesa contra eles a vinculação com o governo, apesar de serem respeitados e tere m bom trânsito partidário. Os deputados José Thomaz Nonô ( AL) e José Carlos Aleluia (BA), também lembrados, enfrentam resistências em seu próprio partido e são identificados como oposição radical ao governo. Ou seja, haveria um novo impasse.

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