Participantes da Feira Sabores destacam a agroindústria na agregação de valor

Os agricultores familiares das 300 agroindústrias, duas cooperativas e duas associações de produtores, presentes na VI Feira Sabores do Paraná, que acontece até domingo (17) no Parque Barigüi, em Curitiba, concordam que a agregação de valor à produção agrícola familiar é uma conseqüência direta da agroindustrialização.

Entre os 200 estandes, com mais de três mil itens, é comum a experiência de agricultores familiares que tiveram um maior valor agregado a seus produtos. ?Eles são exemplos de profissionais que, através da agroindustrialização, conseguiram melhores preços no mercado?, comentou o vice-governador e secretário da Agricultura, Orlando Pessuti.

Entre as agroindústrias que participam da Feira e buscam inovar no mercado, está a Produtos Zita, de Cascavel. No estande da empresa, doce de laranja com melado, figo, uva e pêssego em compotas, além de pepino em conserva. Mas a novidade é a abobrinha em conserva. A produtora Renata Slongo diz que o alimento chama a atenção dos visitantes devido ao seu tamanho, cores e sabor. ?É mais suave que o do pepino. Além disso, a abobrinha tem mais fibras?, disse.

Segundo Slongo, a aparência da abobrinha é fundamental para atrair os consumidores. ?A variedade dela é da família da abobrinha ornamental. Isto explica porque agrada tanto?, afirmou.

A feirante Terezinha Locatteli confirma o que a produtora diz. Segundo Locatelli, ela nunca tinha visto abobrinha daquele tamanho. ?Elas são muito bonitinhas. Faria um prato bem enfeitado com elas?, concluiu.

Agregação de valor

Para Slongo, a abobrinha ?in natura? dificilmente seria aproveitada na culinária. ?Ela não serve para ser consumida em salada crua. Nem cozida ou assada. Somente em conserva, é devidamente aproveitada?, confirmou.

Na Feira Sabores, o pote com 550 gramas do produto é vendido a R$ 3,50. ?No mercado convencional, seria vendido a R$ 5,00. Isto, através das gôndolas da agroindústria familiar?, disse. Segundo a produtora, o custo de produção, por pote, é de aproximadamente R$ 2,00. ?Gastamos, principalmente, com a mão-de-obra. Precisamos ter muito cuidado na hora de colher e lavar o produto?, afirmou.

É a primeira vez que os produtos Zita estão na Feira Sabores do Paraná. Slongo trouxe sete caixas de pepino em conserva. Cada caixa com 15 potes do produto. ?Em apenas dois dias do evento, vendemos quase seis caixas?, afirmou. Quanto à abobrinha, metade das 14 caixas trazidas foi vendida no mesmo período. ?Por enquanto, nossos produtos só podem ser encontrados em pequenos supermercados de Cascavel. Mas a partir da Feira, temos a certeza que vamos receber propostas para novos mercados?, disse.

Slongo considera o evento importante. Principalmente, para tornar a produção mais conhecida. ?Aqui, nós podemos divulgar nosso produto corpo a corpo, explicar como ele é feito, tirar as dúvidas dos consumidores?, concluiu.

Outras experiências

No estande da ?Quina Amarela?, agroindústria de Campina Grande do sul, região metropolitana de Curitiba, geléias de frutas orgânicas, frutas desidratadas, vinagre de caqui, de uva, antepastos e pastas de berinjela, de tomate e chutney de manga.

Para o produtor Mauro Passos, a agroindustrialização é viável. ?Principalmente, no setor de orgânicos?, afirmou. Segundo ele, a agregação de valor é facilmente mostrada. ?Com um quilo de banana orgânica, com casca e polpa, podemos produzir seis potes de geléia do produto. Cada um com 235 gramas. Mas isso não significa lucro?, comenta.

Passos lembra que, no entanto, há custos na produção, como gastos com mão-de-obra, energia elétrica e certificação. ?Mesmo assim, é compensador?, afirmou.

Exemplo de agregação de valor é observado na agroindústria ?Vida da Quina?, de Londrina. Especializada em produtos à base de soja, a empresa utiliza o extrato do grão para produzir achocolatado com fibras de soja. ?Com isso, conseguimos agregar um valor 20% maior ao nosso produto?, diz o produtor, Gilson Luiz Ribeiro.

Para ele, através da agroindústria, o agricultor familiar tem mais chance de crescer no negócio. ?Isto porque é possível agregar valor à produção sem precisar fazer grandes investimentos?, afirmou.

Feira

Segundo os organizadores da Feira, o evento deve movimentar R$ 3,3 milhões, 10% a mais que no ano passado. Com ele, o Governo do Estado visa ampliar o espaço dos agricultores familiares no mercado.

A Feira é uma realização do Governo do Paraná, por meio da Secretaria da Agricultura. Executado pela Emater e Codapar, o evento conta com o apoio do Ministério do Desenvolvimento, Banco do Brasil, Sebrae, Conab, Agência de Fomento, Rede Condor de Supermercados, Itaipu Binacioanal e Prefeitura Municipal de Curitiba.

Os ingressos para a Feira são vendidos a R$ 4,00, com R$ 2,00 de bônus para a compra de produtos da agroindústria familiar.

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