Parte do jogo

Não se admite, nem para início de conversa, que o governo subestime a extensão dos empecilhos que terá de encarar na discussão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), encaminhado ao Congresso com a finalidade precípua de destravar projetos de petróleo, gás natural, combustíveis renováveis, energia elétrica, transportes, saneamento ambiental e habitação popular, entre muitos outros.

A convicção do governo no impacto do plano e da conseqüente arregimentação de estímulos para sua rápida aprovação, com o respaldo do entusiasmo da sociedade, até agora impassível, não resistiu aos expedientes previstos no regimento interno do Congresso, que tanto oposicionistas quanto governo empregam à saciedade sempre que necessário.

Portanto, até agora o PAC não avançou um milímetro no Congresso e tampouco terá facilidades daqui em diante, a julgar pelo pronunciamento recente do governador Aécio Neves e a disposição dos blocos partidários na conquista de ajustes e contrapartidas para aprovar os projetos.

Como se anunciou com a estridência típica dos grandes momentos de qualquer governo, o PAC pretende investir R$ 503,9 bilhões em projetos de infra-estrutura até 2010, para todos os efeitos, um apreciável volume de recursos a ser arrecadado das estatais federais e da iniciativa privada, responsáveis por 86,5% do total. O restante ficará por conta do Orçamento da União.

Desse total, R$ 274,8 bilhões irão para o setor de energia, R$ 58,3 bilhões para a logística e R$ 170,8 bilhões para o saneamento. Vale dizer, o dinheiro do PAC será empregado na resolução de problemas crônicos nas áreas de petróleo, rodovias, portos, aeroportos, hidrovias, habitação, transporte urbano e saneamento ambiental, entre tantos outros itens que dizem respeito ao crescimento da economia e avanços sociais para a população.

A iniciativa do governo, depois de quatro anos de inércia nas áreas em que nesse quadriênio está determinado a deslanchar, ninguém nega, trará ao País uma série de vantagens, inclusive no campo da desoneração fiscal. Para ter sucesso, no entanto, o governo deverá estar aberto à negociação e pronto para um longo debate. Malgrado o desgaste, é parte do jogo.

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