Parceria vai transformar Hospital de Clínicas em referência nacional

O Governo do Paraná adquiriu 137 kits de fotoaférese para atendimento de pacientes que fizeram transplante de medula óssea e tiveram complicações. O investimento total é de R$ 3 milhões e a primeira entrega dos kits custou cerca de R$ 800 mil. A parceria colocou o Hospital de Clínicas (HC) no cenário nacional como centro de referência nesse tipo de tratamento.

Apenas outros dois hospitais do Brasil estão aptos para este tipo de atendimentos, um no Rio de Janeiro e outro em São Paulo. ?Com ações como esta provamos que não é apenas o serviço privado que pode ser de qualidade. O atendimento público também pode e deve ter serviços sofisticados como este?, disse o secretário de Saúde, Cláudio Xavier. A previsão é de que a entrega de todos os kits solicitados para a compra seja feita até setembro deste ano.

Isso faz com que o Hospital seja um dos únicos três hospitais que disponham desse tratamento com esse tipo de serviço. ?Agora o Estado do Paraná disponibiliza um tratamento eficaz para os pacientes, evitando que eles sejam deslocados para longe de suas famílias?, explicou o secretário.

Antes dessa parceria, somente três pacientes foram tratados no Hospital de Clínicas com esse tipo de serviço. Isto aconteceu em 2005 e só pode ser realizado porque o laboratório que produz os kits fez uma doação para o hospital e proporcionou a recuperação e a diminuição do tempo de tratamento dos pacientes.

Doação

O Paraná é o Estado que realizou mais transplantes de medula óssea com doadores alogênicos (quando é retirada a medula do próprio paciente), em comparação com o restante do Brasil. Foram 39 transplantes até o mês de maio deste ano e o banco criado pelo Governo do Estado é referência para os demais estados brasileiros. Em 2005, foram feitos 95 transplantes de medula.

Para incentivar a doação de órgãos e tecidos na população é necessário conscientizar as famílias da importância da doação para salvar a vida de outra pessoa. ?Estamos trabalhando para que haja um aumento significativo nas doações de órgãos de pessoas que já morreram. Apesar desse ser um dado que temos que mudar, estamos na mesma média nacional que é a de mais transplantes de doador vivo?, avisa Xavier.

Tratamento 

O tratamento com o sistema de fotoaférese é desenvolvido desde o final da década de 80 nos Estados Unidos. Antigamente ele funcionava para tratamento da doença de células T de pele. Quando foi testado para o tratamento das complicações no transplante de medula óssea, houve uma melhora dos pacientes. No Brasil, o primeiro local a fazer o tratamento com a fotoaférese foi o Instituto do Câncer (Inca), no Rio de Janeiro. No Paraná, o Hospital de Clínicas foi o pioneiro. Os primeiros pacientes foram tratados em 2005. ?Essa aquisição é muito importante para o Hospital, pois o Sistema Único de Saúde não ressarce esse tipo de tratamento e como precisa de grandes quantidades de kits, o hospital necessita fazer parcerias para a compra?, disse a responsável pela Doença de Enxerto Contra Hospedeiro, Vanelza Funke.

O tratamento funciona da seguinte forma: o sangue do paciente é submetido a um processo que passa pela máquina de fotoaférese. O sangue entra na máquina e ela separa os glóbulos vermelhos dos glóbulos brancos, os primeiros retornam para o paciente e o sangue que foi separado vai para um compartimento da máquina, onde é submetido a produtos fotosensíveis. Após passar por esse produto, o sangue vai para outro compartimento onde recebe rajadas de luz. Essas rajadas ativam o produto que, misturado com o sangue, provoca um aumento das células reguladoras que controlam a agressão que a doença faz ao paciente. ?A principal vantagem desse tratamento é regular o sistema imunológico do paciente, educando as defesas para que o corpo não sofra as complicações que o transplante pode provocar?, explica Vanelza.

?A maioria dos pacientes é submetida a um tratamento a base de corticóide e nem todos precisam ser submetidos a fotoaférese. O tratamento com fotoaférese é recomendado por não provocar tantos efeitos colaterais. Cerca de 60% dos pacientes são medicados com corticóide. O principal efeito colateral é a baixa da imunidade do organismo, o que a assistência com fotoaférese não provoca?, continua a responsável.

Doença

A Doença de Enxerto Contra Hospedeiro é uma complicação que atinge cerca de 30% a 70% dos pacientes que fazem o transplante de medula óssea. O risco maior do problema pode ocorrer por incompatibilidade entre os pacientes, nas doações entre parentes ou quando a pessoa já possui uma idade mais avançada. Existem duas fases da doença, a fase aguda que pode ocorrer nos três primeiros meses após o transplante e a fase crônica, que pode ocorrer em qualquer momento após o transplante.

Na fase aguda, são afetados a pele, o intestino e o fígado. Já na fase crônica, além destes três, são afetados o pulmão, a boca e os músculos. ?As complicações vão desde escurecimento, secura e endurecimento da pele, asma, diarréia, inflamação e esbranquiçamento dos órgãos. Esse tratamento dura em torno de seis meses e o paciente passa por 26 sessões. A evolução do tratamento é extremamente visível, esse é o melhor tratamento que possuímos atualmente para a doença?, disse Vanelza.

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