Boa ação

Voluntariado tem opções para todos os gostos

Ter vontade e assumir livremente uma atitude responsável, criativa, comprometida, prazerosa e transformadora perante o mundo. Se encaixa nesse perfil? Caso a resposta tenha sido positiva, você está apto a realizar trabalho voluntário. A descrição é do Centro de Ação Voluntária (CAV), que aponta uma estimativa de que apenas 10% dos brasileiros praticam algum tipo de ação voluntária. Um estudo feito pela Pastoral da Criança registrou que no Paraná, pelo menos 20 mil pessoas estão envolvidas com ações voluntárias da pastoral. Que tal começar a ajudar os outros justamente hoje, no Dia Internacional do Voluntário?

Segundo Thiago Baise, analista de projetos do CAV, para ser voluntário não é preciso necessariamente estar vinculado a uma organização. “Qualquer pessoa que realiza ações para melhorar sua rua, escola, uma ONG (organização não-governamental), ou ajudar outras pessoas já está realizando uma ação voluntária”, afirma. Para ele, a iniciativa de mobilizar mais pessoas para cuidar da região onde mora, cobrar os políticos, propor ações ou fazer melhorias necessárias já são exemplos de atos voluntários transformadores.

Atualmente, existem várias vagas disponíveis para voluntários no sistema do CAV. Segundo Baise, os trabalhos são bem flexíveis, pois o interessado pode auxiliar as organizações na contabilidade, administração, atendimento a crianças e jovens, bem como ensinar uma profissão, dar cursos ou até contar histórias. “Temos vagas para todos os gostos”, garante. Para conhecer as vagas disponibilizadas pelo CAV basta entrar em contato pelo telefone (41) 3322-8076.

Obrigação

Para o voluntário do CAV, José Umberto, que ajuda as pessoas desde 1970, qualquer ação que tenha como fruto ajuda ao próximo é benéfica. “Temos obrigação em ajudar. Para isso existem muitas formas, que vão desde o ambiente familiar até o profissional”, diz. Para Umberto, existem várias instituições que precisam dos mais variados tipos de ajuda. “As organizações precisam pessoas para atuar desde em webdesign até em limpeza, refeição, dentre outras atividades. É tudo questão de disposição, basta querer ajudar”, declara.

Além de querer ajudar, é preciso fazer com que o trabalho voluntário caiba na grade de atividades semanais, não prejudicando assim o cotidiano de quem tem interesse ser ajudar. “Deve-se pensar, refletir e procurar opções que tenham a ver com sua vida hoje”, diz. Para ser voluntário, portanto, é preciso ser comprometido e ter prazer em ajudar, “isso traz desenvolvimento para quem faz e quem recebe a ajuda”, opina o voluntário.

Pastoral

Um grande exemplo de ajuda ao próximo foi Zilda Arns, que morreu em missão voluntária no terremoto que devastou o Haiti no início deste ano. Sua morte poderia ter mudado os rumos da Pastoral da Criança, instituição fundada por ela. Pelo contrário. Segundo Clóvis Boufleur, gestor de Relações Institucionais da instituição, ao invés da morte dela gerar desânimo, transformou-se em um novo vigor para o trabalho voluntário na pastoral. “Não negamos que sentimos uma dor muito forte com a perda, mas temos a consciência de que ela vive nos trabalhos que estamos continuando”, diz. Segundo pesquisa realizada pela instituição, em todo o Brasil são 228,4 mil voluntários envolvidos.

Contar histórias: ajuda bem-vinda

Enquanto algumas entidades trabalham voluntariamente no cuidado e atenção das pessoas carentes, a Casa do Contador de Histórias, em Curitiba, opta por uma abordagem bastante lúdica. Como o próprio nome já diz, através da contação de histórias é possível melhorar a autoestima dos participantes, bem como recupera,r a mente de pessoas envolvidas em crimes. Mensalmente, a casa atende cerca de 600 pessoas.

Segundo a psicóloga Martha Teixeira da Cunha, responsável pela Casa do Contador de Histórias, a abordagem por meio das imagens geradas pelas histórias resgata as pessoas que estão em situações difíceis. “As histórias falam sobre o herói e suas dificuldades, o que ajuda a pessoa a enfrentar os desafios por meio dos percursos e sabedorias que estão envolvidos”, explica.

A casa, que trabalha com a colaboração de 11 voluntários que contam histórias, não se limita em atender públicos restritos. “As histórias ajudam crianças e anciões. Lidamos com todas as condições humanas”, diz. Questionada sobre o poder das histórias na mudança de comportamento das pessoas, Martha conta que a atuação é baseada em três eixos, conteúdo da mensagem, ritmo como ela acontece e mente humana. “Todas as histórias trazem questões de sabedoria e abordam sobre como viver a vida e ensinamentos para situações difíceis. O ritmo envolve a trajetória do herói, pois dimensiona uma nova maneira de pensar”, relembra. Por serem imagens profundas e sutis, elas vibram na camada mais profunda da mente humana, onde estão escondidos os problemas mais graves.

No começo as mudanças dos envolvidos são muito sutis, uma vez que o processo acontece de dentro para fora. “Com o passar do tempo o resultado fica mais perceptível, podendo ser visível fisicamente. Crianças com problemas neurológicos e que não conseguem ficar eretas, mudam essa postura”, destaca. Quem quiser participar pode entrar em contato com a
Casa através do site www. casadocontadordehistorias. org.br, ou pelo telefone (41) 9116-0587. A Casa aceita doações para reforma da sede, localizada na Rua Trajano Reis, 325. (LC)

Contribuição pode ser até online

Durante 46 anos, o Centro de Valorização da Vida (CVV) escuta, através do telefone e pessoalmente, pessoas que, desiludidas com os desafios da vida, pensavam no suicídio como única solução. Nos últimos dois anos, porém, o mesmo serviço passou a ser oferecido para a sociedade através de conversas online. Nesse bate papo, voluntários treinados trabalham para elucidar os pensamentos de pessoas que têm essa atitude drástica como única solução.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que, em 2002, em todo o mundo havia uma tentativa de suicídio a cada três segundos e uma morte a cada 40 segundos. “É um problema de saúde pública”, afirma Arthur Mondin, coordenador do CVV web. Segundo ele, o Brasil está entre os países com menores índices. “A média nacional é de cinco casos a cada 100 mil habitantes”, diz.

Para reduzir esses números, 52 voluntários atuam em âmbito nacional nesse bate papo, que funciona diariamente das 19h às 23h no site www.cvvweb.org.br. “Um terço das pessoas que auxiliamos começam a conversa falando claramente em praticar suicídio ou sobre como seria bom morrer. A pessoa inicia a conversa aflita, mas depois de um tempo está bem mais calma e aliviada”, conta. O CVV web registra em média 25 apoios por dia.

No Paraná, além da possibilidade da conversa através da internet ou telefone, existe um posto de atendimento 24h em Curitiba e outro em São José dos Pinhais. Informações através do site www.cvv.org.br. (LC)