Viver de arte na capital é tarefa muito complicada

Ganhar a vida fugindo dos padrões convencionais não é fácil, principalmente se for expondo artesanato ou apresentando performances artísticas e musicais no calçadão da Rua XV de Novembro, em Curitiba. Dificuldades com fiscalização e até mesmo com o público, são alguns dos problemas que artistas e artesãos precisam enfrentar.

Francisca Vargas está há dois anos em Curitiba vendendo artesanato e diz que o mais difícil para ela é a fiscalização. Ela faz chocalhos, colares, cestos e outras manufaturas de estilo indígena. Francisca diz que só tem a permissão de expor porque é índia. ?Mas essa decisão é provisória, vai depender de uma ação que a Funai está movendo na Justiça?, afirma.

Francisca diz que faz artesanato praticamente desde que nasceu, na Aldeia São Gerônimo, em Piraquara. Para ela, o trabalho vale a pena. ?É melhor que estar desempregada.? Embora a melhor época seja a do Natal, em que chega a ganhar até R$ 200 em um dia, ela consegue tirar diariamente cerca de R$ 35 a R$ 40.

Música em família

Viúvo há dois anos e com cinco filhos para criar, Magno Borges tem apostado no talento musical da família, apresentando MPB, bossa nova e jazz no calçadão. Formou o Magnitude em Família, um conjunto em que ele faz a melodia num saxofone, acompanhado dos filhos que tocam percussão. Magno é músico há 30 anos e diz que todos seus filhos – da mais velha, de 17, à menor, de 6 anos – têm talento. ?Eles aprenderam praticamente sozinhos. São autodidatas?, orgulha-se.

O filho de 16 anos, Luan Robson Mello Borges, toca tantã – uma espécie de tambor. Ele diz que começou a tocar há cinco anos e considera que o único inconveniente de tocar na rua é o assédio de algumas pessoas, que insistem, muitas vezes até de modo rude, em mexer nos instrumentos. A filha mais velha de Magno, Luma Daiane Mello Borges, não se incomoda de tocar pandeiro na Rua XV. Para ela, é mais complicado quando se apresenta no Mercado Municipal, porque de vez em quando alguns se sentem incomodados e gritam ou vaiam.

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