Veículos desregulados é que provocam poluição

Preocupado com a poluição causada pelos ônibus e caminhões (principalmente os que carregam terra e areia) que trafegam em Curitiba, o técnico eletroeletrônico Luciano Ladanivski desconfia que a maior parte destes veículos tem circulado com o lacre da bomba de combustível aberto. “Esta atitude faz com que o veículo adquira mais potência, mas também emite mais poluição. Basta ficar atrás de um caminhão para sentir o quanto aquela fumaça faz mal,” analisa.

Quanto aos ônibus, Luciano observa que a situação é ainda mais crítica nos horários de pico, por volta das 8h e também às 18h. “Nos terminais da “capital ecológica” fica um cheiro insuportável, a gente respira uma quantidade enorme de monóxido de carbono”, reclama, lembrando que fumaça representa a não queima total do combustível. Estes veículos são uma arma ambulante. Para piorar, ele diz que os motoristas não costumam desligar o veículo, enquanto os passageiros aguardam na fila.

Segundo Luciano, não há fiscalização permanente e, quando são feitas denúncias, a Urbs (empresa que gerencia o transporte coletivo urbano e metropolitano) não dá importância. A explicação do gerente de vistoria e cadastro da Urbs, Élcio Luiz Caras, é que o órgão trabalha com reclamações encaminhadas pela Promotoria Pública, Secretaria do Meio Ambiente – (41) 335-5141 – e 156. “Todas são verificadas. Além disso, fazemos blitze periódicas em pontos específicos, como no Cabral e Alto da Quinze, onde existe um esforço maior dos motores”, justifica. Ele explica que a fiscalização é feita visualmente, com a seleção dos veículos que emitem fumaça excessiva. Depois disso, é solicitada a medição eletrônica, que vai apontar se o ônibus está ou não apto a circular. Se ele não passar neste teste é retirado o selo de vistoria.

Quanto ao fato de os ônibus ficarem parados nos terminais, há uma determinação na Urbs que obrigue os motoristas a desligarem o veículo após 5 minutos parado no ponto. “Ele não pode desligar assim que chega no ponto, porque compromete o turbo. O mínimo é dois minutos em marcha lenta para a limpeza de gases e combustível”, explica.

O gerente de vistoria da Urbs alega que a empresa está dentro da legislação, que prevê uma variação de opacidade de 0 a 10 graus. Em Curitiba, diz ele, a opacidade é de 1,7 graus de fumaça.

Monitoramento

A Universidade Federal do Paraná, em convênio com diversas escolas, realiza há sete anos, sempre em agosto, um trabalho de monitoramento do ozônio. Considerado um poluente secundário, o ozônio serve de parâmetro na avaliação. “Se ele aparece é porque os outros estão presente também”, esclarece a professora Zióle Zanotto Malhadas, coordenadora do Programa Proar – Educação Ambiental e Qualidade do ar. Conforme leitura feita ao longo dos últimos anos, vem aumentando os sinais de poluição.

Segundo a professora Zióle, as indústrias e os veículos são os mais poluidores. O ideal, diz ela, é que Curitiba tivesse pelo menos quinze estações de monitoramento, vistoria mais freqüente (uma vez por mês) dos veículos e uma leitura histórica, que revelasse de fato o grau de poluição. “De fato, os motoristas aceleram nos pontos de ônibus e as pessoas ficam respirando aquela fumaça tóxica, que vai direto para o aparelho respiratório”, confirma.

 

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