Útero em formol será examinado

O pesadelo da dona de casa Rosalina da Silva Rocha, de 39 anos, moradora de Campo Largo, parece estar próximo do fim. Depois da matéria publicada ontem em O Estado, revelando que Rosalina mantém seu útero em um pote com formol, dezenas de pessoas ligaram para ela oferecendo ajuda. Rosalina contou que recebeu pelo menos 150 ligações de solidariedade. Uma delas foi do médico patologista Antônio de Pádua, diretor do Centro de Citopatologia do Paraná (Citopar), que se sensibilizou com o caso e telefonou para ela no final da tarde oferecendo o exame anátomo-citopatológico gratuitamente. O órgão, no entanto, já havia sido encaminhado a outro laboratório, segundo informou a dona de casa.

O útero estava em formol desde o último dia 16 e precisava ser submetido a exames laboratoriais, mas Rosalina não tinha condições financeiras de pagar – cerca de R$ 1 mil. Também o Sistema Único de Saúde (SUS) não cobriria este tipo de exame, conforme informação da própria unidade de saúde local. A alternativa encontrada por Rosalina foi apelar à imprensa fato que provocou uma série de reações no município. ?Até o prefeito me ligou, dizendo que o SUS cobria sim. Mas a informação que me deram foi o contrário?, afirmou. ?Não quis prejudicar ninguém, nem envolver os políticos. Eu só queria resolver o meu problema?, completou humildemente. Uma equipe do médico Carlos Sérgio Coutinho que operou Rosalina foi buscar o órgão em sua casa para encaminhá-lo a um laboratório. O exame vai ser feito gratuitamente.

Apesar de o pesadelo te chegado, Rosalina reconhece que seu caso é exceção. ?Não é só o meu problema. Tem muita gente precisando de ajuda e ninguém vê?, desabafou. ?É um grande descaso.?

Citopar

O diretor do Citopar lamentou que sua oferta tenha chegado tarde demais. Segundo ele, o que chamou mais atenção ao tomar conhecimento do caso foi a angústia de Rosalina em não saber se está com câncer. ?O fato de ela estar apavorada e não saber exatamente o que tem, o que é um direito dela, foi o que mais me impressionou?, comentou o médico. Ele explicou que através do exame anátomo-patológico é possível verificar o que há de errado com o útero da paciente: se se trata de doença infecciosa, tumor, processo inflamatório, hormonal ou outros. ?O que a gente faz pelos outros acaba recebendo em dobro. Por isso, coloco-me à disposição de ajudar sempre que possível?, completou o médico.

Voltar ao topo