Usuários de planos de saúde migram para o SUS

Quase 60 mil paranaenses usuários dos planos de saúde abandonaram o sistema e migraram para as filas do Sistema Único de Saúde (SUS) nos últimos cinco anos. Em todo o Brasil, foram quase 4 milhões de pessoas que se desligaram dos planos, no mesmo período.

Os dados são da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), que realizou ontem, em Curitiba, reunião nacional com os associados do sistema. Os motivos para a migração são vários, desde o desemprego, queda da renda até o aumento do dólar. “A atividade das operadoras de saúde está praticamente estagnada, parou de crescer. Parte pelo Plano Real, que acabou exigindo reestruturação das empresas e parte pela regulamentação ? estabelecida pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a partir de 1998 ?, que acabou impondo uma série de exigências”, explica o presidente nacional da Abramge, Arlindo de Almeida.

Segundo ele, uma das batalhas é com relação à falta de equilíbrio entre custo e benefício dos planos. “Os custos de internação e de atendimento vêm subindo, enquanto a atividade está engessada. Isso ocasiona um mal-estar para as prestadoras de serviço porque elas são obrigadas a reduzir custos para sobreviver”, diz. Almeida afirma não ser contra a regulamentação do setor por parte do governo federal, mas defende a restrição à parte administrativa. “A área de saúde tem que ter regulamentação, os planos têm que funcionar de maneira lógica, mas não se pode exigir o controle financeiro”, defende. “Há atualmente mais de duas mil operadoras de saúde, e a própria concorrência acaba se encarregando de regular o mercado. Quem cobra a mais, acaba saindo do mercado porque não há mais espaço para ela.”

O presidente da Abramge regional Paraná e Santa Catarina, Joélson Zeno Samsonowski, concorda. Para ele, o governo federal deveria analisar a planilha de custo das empresas e não criar um índice único de reajuste para todas as operadoras. “A crítica não é com relação ao índice de reajuste, mas ao fato de se criar um teto. Cada empresa tem custos diferenciados pois cada um oferece serviços específicos. Isso deveria ser analisado”, acredita.

Ao contrário da Unimed, organizada em forma de cooperativa, as empresas de medicina de grupo prestam serviços médico-hospitalares através de recursos próprios e contratados, cobrando valor per capita fixo. As principais empresas de medicina de grupo são a Amil e Golden Cross, com sede no Rio, além das paranaenses Clinihauer e Paraná Clínicas. São quase 18,4 milhões de pessoas que utilizam esse tipo de plano em todo o País.

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