A Universidade Federal do Paraná (UFPR) entregou ontem à justiça a lista com nomes, notas e informações pessoais dos alunos aprovados no curso de Engenharia Química. A instituição cumpriu o mandado de busca e apreensão expedido pelo juiz federal substituto, Mauro Spalding, da 7.ª Vara Federal de Curitiba. Spalding está julgando o processo em que um estudante está pleiteando uma vaga no referido curso. Gabriel Padilha da Silva Freitas ficou fora da universidade devido ao sistema de cotas. O juiz também expediu uma liminar, que já foi acatada, ordenando que a UFPR matricule o aluno.
A instituição entregou ontem à tarde a lista a um oficial de justiça. Segundo a procuradora-geral, Dora Bertúlio, na última quinta-feira a instituição já havia mandado o material com os nomes, mas o juiz considerou incompleto e solicitou outra lista. O magistrado precisa das informações para poder dar continuidade ao processo e chegar a um parecer final.
O mandado de busca e apreensão foi expedido na última terça-feira. Spalding havia solicitado o documento no dia 21 de fevereiro. Ele considerou que houve demora na resposta e a lista também estava incompleta. No entanto, a procuradora explica que o material só não foi enviado antes porque o sistema de informática da universidade estava sobrecarregado devido aos dados do vestibular, do programa de reocupação de vagas e também da matrícula dos alunos. A procuradora comentou ainda que foi pedido ao magistrado que a lista não seja divulgada para não prejudicar os alunos.
Mesmo com o documento tendo sido entregue, a multa pessoal ao reitor Carlos Moreira Júnior no valor de R$ 20 mil continua valendo. Ela começou a vigorar no dia 2 de março e só será suspensa quando o juiz achar que o material está completo. Ele começou a analisar os dados ontem e vai ter uma resposta na segunda-feira.
Seis processos
Até agora a universidade recebeu seis processos referentes ao sistema de cotas, que reserva 40% das vagas para alunos de escolas públicas e afrodescendentes. Entre eles, um juiz que pedia informações sobre o sistema e outro em que uma estudante pleiteava uma vaga no curso de medicina. Mas foi indeferido no dia 26 de janeiro. No despacho, o juiz federal substituto da 1.ª Vara Federal de Curitiba, Vicente de Paula Ataíde Júnior, afirma que ?é chegada a hora de todos nós, brancos e aquinhoados pela vida em abundância, repartirmos o valor da dívida com o povo negro, que pela sua escravidão, contribuiu significativamente para nosso País?.
Segundo a procuradora, este número de ações já era esperado e a universidade está preparada para continuar discutindo a proposta de inclusão. ?Pela primeira vez na história da universidade existem 14 negros e 32 estudantes de escolas públicas freqüentando o curso?, destaca.