Transplante pode diminuir complicações do diabetes

Foi realizado em Curitiba, o primeiro transplante de ilhotas pancreáticas do Sul do Brasil. O procedimento consiste em tirar as células do pâncreas de um cadáver e inserí-las no fígado do paciente. Ainda na sala de cirurgia, as células beta começam a produzir a insulina. Regina Celi Camargo, 39 anos, fez a cirurgia no último sábado e já apresenta melhoras em seu quadro de saúde. Diminuiu a quantidade de insulina que tomava por dia, e as crises diárias de hipoglicemia e hiperglicemia estão mais controladas.

O transplante contou com a participação de especialistas da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), do Hospital Cajuru e da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba. Há cinco anos, os estudos vinham sendo realizados sob a coordenação do nefrologista Miguel Carlos Riella. Segundo ele, a cirurgia poderia ser feita desde outubro do ano passado, mas só agora apareceu um doador compatível.

Ele explica que o pâncreas do doador passa por diversas fases de purificação para que seja aproveitado somente o tecido que contém as ilhotas, formadas por um grupo de células, principalmente a beta, que é responsável pela produção da insulina. O processo leva cerca de 12 horas. Depois, elas são aplicadas no fígado do paciente através de um catéter na região do abdome, até se alojarem no fígado. Ainda na sala de cirurgia começa a produção de insulina.

Regina recebeu cerca de 300 mil ilhotas – o ideal seria o transplante de 600 mil. No entanto, no processo de isolamento das células de um pâncreas, de um milhão sobram apenas 30%. Agora Regina está de volta à fila para fazer mais um transplante. A esperança é de atingir o número suficiente de células funcionais no corpo, para se livrar de vez de tomar insulina. As picadas para medir o nível glicose e para tomar o medicamento incomodam muito. ?Dói. Às vezes a gente está muito sensível?, explica.

Mesmo assim, ela já sente os benefícios da cirurgia. Conta que está tomando a metade da insulina que tinha que ingerir diariamente e, o melhor de tudo, é que está controlando mais as crises de hiperglicemia e hipoglecemia. A hipoglecemia é muito perigosa, pois o nível de açúcar cai de uma hora para outra, sem dar nenhum sinal. O paciente pode desmaiar e ter convulsões.

Segundo Rialle, com o transplante também diminuem as complicações do diabetes, como a perda de visão. Mas o procedimento não é a solução dos problemas para os diabéticos.

Regina vai ter que passar a tomar remédios para evitar a rejeição. Por isso, o transplante não é indicado para as pessoas que tomam a insulina e conseguem controlar as taxas de glicose no sangue. ?Elas teriam que trocar um remédio por outro. Esse transplante é indicado só para quem não consegue controlar o açúcar, mesmo tomando a insulina de forma correta?, diz Riella.

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