Trabalhadores da saúde privada cobram reajuste

Aumento salarial de 17%, acompanhando o reajuste do salário mínimo nacional implantado recentemente pelo governo federal. Essa era a principal reivindicação de trabalhadores ligados à área de saúde privada de Curitiba e Região Metropolitana, que realizaram ontem uma manifestação em frente à sede do Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do Estado do Paraná (Sindipar), na capital.

No total, Curitiba e municípios vizinhos possuem cerca de 10 mil trabalhadores da saúde privada, que atuam em hospitais, clínicas, consultórios, casas de repouso e laboratórios. De acordo com o diretor do departamento jurídico do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde da capital e região (Sindesc), José Batalha da Silva, os trabalhadores contam com sete pisos salariais. "Atualmente, o piso mínimo é de R$ 306, sendo destinado a auxiliares de cozinha, funcionários de lavanderia, entre outros. Queremos que o valor passe para R$ 437. O piso máximo, destinado a enfermeiros e assistentes sociais, é de R$ 782. Nossa vontade é que ele suba de forma proporcional ao valor mínimo", comenta.

Segundo a presidente do Sindesc, Isabel Cristina Gonçalves, a classe patronal, representada pelo Sindipar, vem se mostrando alheia a negociações e não quer aceitar o índice de reajuste proposto pelos trabalhadores. "Os patrões chegaram a levantar a possibilidade de nos oferecer um reajuste de cerca de 3%, mas isto vai representar aumento de apenas uns R$ 20, o que não nos fará diferença. Os trabalhadores da área da saúde privada estão em situação bastante crítica, muitas vezes tendo que ter dois empregos para poder sobreviver com dignidade", afirma.

Na opinião de Isabel, o fato de os trabalhadores terem que enfrentar jornada dupla compromete a qualidade dos serviços prestados e a própria saúde dos funcionários. "Com um único serviço, os trabalhadores já estão sobrecarregados. Em alguns hospitais, auxiliares de enfermagem chegam a atender entre trinta e quarenta pacientes, quando existem pesquisas que apontam que o ideal é de dez a doze leitos por funcionário." A presidente alerta que, nos próximos dias, pode ser determinada greve por tempo indeterminado, caso não hajam avanços nas negociações.

Sindipar

O presidente do Sindipar e também da Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do Estado do Paraná (Fehospar), José Francisco Schiavon, diz entender a situação dos trabalhadores, mas considera impossível o fornecimento do aumento de 17%. "Não fizemos nenhuma proposta oficial aos trabalhadores porque não há de onde tirar recursos. Há onze anos os estabelecimentos de saúde não recebem reajuste do SUS (Sistema Único de Saúde). Além disso, as operadoras de saúde suplementar não possuem liberdade econômica para reajustar os valores de seus planos. Os hospitais enfrentam um período de asfixia econômica e financeira, não tendo condições de expandir suas despesas."

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