O Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) confirmou a ocorrência de um tornado no Centro-Sul do estado durante as chuvas intensas registradas nesta segunda-feira (22/09). O fenômeno atingiu a cidade de Santa Maria do Oeste, localizada na faixa entre Ponta Grossa e Cascavel.
Segundo o Simepar, os ventos chegaram a 120 km/h. O tornado foi classificado como F1 na Escala Fujita, que vai de F0 a F5, medindo a intensidade dos fenômenos de acordo com a velocidade dos ventos e o nível de destruição. Dentro dessa escala, o F1 indica tempestades com ventos entre 117 e 180 km/h, consideradas de intensidade fraca a moderada, mas ainda com alto potencial destrutivo.
“O fenômeno é caracterizado por uma nuvem em formato de funil que, ao tocar o solo, gera ventos muito intensos. Esses ventos convergem para um ponto central e têm potencial para causar estragos significativos”, explica o meteorologista do Simepar Leonardo Furlan.
A classificação do tornado é feita por meio de uma série de etapas criteriosas. O processo envolve inicialmente a análise de dados de radar, que permitem identificar a estrutura da tempestade e a intensidade dos ventos. Em seguida, são avaliadas imagens aéreas e registros fotográficos para dimensionar os danos provocados em solo.
“Pelo radar, não foi possível confirmar a ocorrência do fenômeno, justamente porque ele aconteceu de forma simultânea, embutido na linha de instabilidades. Além disso, o radar de Cascavel, utilizado na primeira etapa da análise, está bastante distante do município, o que dificultou a identificação inicial. Por meio das imagens aéreas captadas por drones e da avaliação dos estragos em solo foi possível concluir a ocorrência simultânea de um tornado associado à linha de instabilidades”, completou o meteorologista.
Em Santa Maria do Oeste, os principais estragos foram destelhamentos de casas e prédios públicos, além da queda de árvores e postes. Os vendavais danificaram cerca de mil imóveis, incluindo o hospital municipal, que passou a funcionar apenas em regime de emergência. Duas pessoas ficaram feridas de forma leve e foram encaminhadas ao hospital de Pitanga, cidade vizinha.
A gravidade dos danos levou a Defesa Civil do Paraná a mobilizar ajuda humanitária para o município. A expectativa é de que a prefeitura decrete situação de emergência nos próximos dias.
Tornado mais forte no Paraná já chegou a F3
O Paraná já enfrentou fenômenos mais intensos. Em 1997, a cidade de Nova Laranjeiras registrou um tornado classificado como F3, que provocou ampla destruição na região Oeste, derrubando casas, árvores e construções inteiras. Em 2015, Marechal Cândido Rondon foi atingida por um tornado F1 com ventos de 115 km/h, que deixou pelo menos 20 pessoas feridas.
Um levantamento divulgado em outubro de 2023 pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) apontou a ocorrência de 711 tornados no Brasil entre 1970 e 2023. Do total, 70% foram registrados na região Sul. O Paraná concentrou 106 episódios nos últimos 50 anos, média de dois por ano.
Depois do Sul, a região Sudeste aparece como a segunda mais afetada, com 108 registros. Em seguida estão Centro-Oeste (31), Norte (17) e Nordeste (14). Entre os casos catalogados, a categoria mais comum foi a EF1, com 115 ocorrências, a mesma faixa em que se enquadra o tornado de Santa Maria do Oeste.
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