Terreno causa discórdia em Maringá

A Prefeitura de Maringá está fazendo avaliação da legalidade da concessão de uma área pública de quase 80 hectares realizada em fins de 2004, para que fosse implementada uma escola agrícola pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) em parceria com o Instituto Técnico de Pesquisa da Reforma Agrária (Itepa). As instituições receberam a permissão da Câmara de Vereadores e do ex-prefeito da cidade, João Ivo Calefi, para usar a área, que fica na divisa com o município de Paiçandu, por 20 anos. A Escola Milton Santos, construída no local, tem a finalidade de atender pequenos agricultores de diversos movimentos sociais.

Segundo o secretário de governo de Maringá, José Buzato, em cerca de 20 dias o estudo estará concluído. ?Estão sendo levantados todos os aspectos ligados à concessão, para que se tenha a melhor solução possível. Estamos apurando se ela é conveniente e se está dentro da lei?, afirma.

Buzato diz que a área faz parte de um terreno maior, adquirido do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) pela Prefeitura, com a finalidade de implementar indústrias e moradias. Conforme o secretário, está sendo avaliado o fato de o local ter sido utilizado para uma finalidade diversa daquela que foi motivo de sua compra. Ele explica que, por englobar uma parte de malha ferroviária, o terreno é estratégico. ?Várias indústrias estão instaladas na região e têm necessidade de terrenos que possam ser servidos de variantes ferroviárias.?

Segundo Buzato, estão participando do estudo vários órgãos da Prefeitura. ?Há gente ligada ao meio ambiente, à educação, à agricultura, entre outras áreas, examinando a situação.? Para ele, o momento é de reflexão. ?É importante no momento em que Maringá se encontra, que se façam previsões estratégicas?, considera.

Para Armelindo Rosa da Maia, um dos cinco coordenadores do curso técnico de Agropecuária com Ênfase em Agroecologia, que funciona na Escola Milton Santos, a nova gestão tem todo o direito de rever os atos da administração passada e que não houve qualquer dificuldade com a Prefeitura até agora. Ele informa que dependendo dos resultados do levantamento, será preciso haver uma discussão entre a UFPR, o Itepa e o município.

Segundo o reitor da UFPR, Carlos Augusto de Moreira Júnior, se houver a decisão da Prefeitura de Maringá de se retirar a escola da área concedida pela gestão anterior, acontecerá um retrocesso. Ele explica que o papel da Milton Santos é ensinar o pequeno agricultor a fazer agroecologia, incentivando a produção e mantendo os trabalhadores no campo. ?Não me cabe fazer análises sobre o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Muitos fazem críticas dizendo que trabalhadores assentados e pequenos agricultores acabam deixando suas terras. O papel da universidade é educar o povo para a produção, de modo que não precise sair da terra e ir para a periferia de cidades grandes?.

A Escola Milton Santos possui 40 alunos vinculados ao MST. Eles devem se formar neste ano. Até o fim do ano está prevista a entrada de duas novas turmas, totalizando 80 alunos.

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