Soldado denuncia racismo entre PMs

O soldado Ivan Luís Camargo dos Santos, da Polícia Militar, promete reunir cerca de duzentas pessoas durante protesto que fará amanhã, na Boca Maldita, em Curitiba. Ele quer chamar atenção da população contra o crime de racismo. Ivan afirma que por duas vezes foi discriminado por superiores da corporação. O soldado ingressou com ações na Justiça contra um comandante, em 1998, e contra um capitão em 2001.
O protesto está marcado para começar às 11h e prossegue até às 16h, horário em que haverá mais uma audiência sobre o caso no Fórum Criminal de Curitiba. Ivan disse que a manifestação contará com a participação de movimentos de conscientização da raça negra e da Associação das Mulheres de PMs. ?A idéia é informar a população sobre o que ocorre dentro da polícia, que possui muitas pessoas racistas?, afirmou.
O soldado – que está há seis anos da PM – revela que desde que ingressou com as ações na Justiça vem sofrendo perseguições no trabalho, assim como os colegas que se propuseram a testemunhar no caso. ?Fiquei três dias preso, no ano passado, por dar uma entrevista fardado afirmando que existe racismo na PM?, disse, acrescentando que das três testemunhas, duas foram expulsas da corporação. Ivan diz que não espera receber nenhuma indenização, apenas conscientizar as pessoas sobre o problema.
PM
O chefe da Comunicação Social da PM, comandante David Antônio Pancotti, disse que a instituição tem 147 anos de existência, e durante todo esse tempo sempre tentou evitar qualquer situação de tratamento inadequado dentro da corporação. ?Um desses exemplos é o curso de direito humanos do qual estão participando oficiais da PM?, ponderou o comandante. Ele confessa desconhecer o caso do soldado, mas entende que se ele se sentiu ofendido tem liberdade para procurar seus direitos. Quanto à manifestação, Pancotti não quis adiantar quais punições poderão ser aplicadas ao soldado, mas advertiu ?que ele sabe o que pode acontecer?, lembrando que os policiais não podem participar de greves ou manifestações públicas. (Rosângela Oliveira)

Travestis fazem encontro

Teve início ontem, no Hotel Paraná Suíte, em Curitiba, o 9.º Encontro Nacional dos Travestis e Liberados. O evento, que prossegue até sexta-feira, reúne cerca de duzentos travestis, vindos de diversas regiões do país, do Chile e da Argentina.
Ontem, o assunto discutido foi segurança pública. Segundo o presidente do Grupo Esperança, em atuação há oito anos, Liza Minelly, o objetivo é que os policiais passem a adotar um melhor comportamento diante das minorias. ?Queremos que os policiais respeitem não só os travestis, mas os negros, os índios, os homossexuais e todos os que representam uma minoria?, afirma. ?É preciso saber conviver com as diferenças e ter consciência de que no mundo há espaço para todos.?
Até o final do encontro, também serão abordadas formas de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), entre elas a aids, e questões que envolvem cirurgias de mudança de sexo. ?Em relação às DSTs, vamos estar falando sobre a importância de se usar camisinha e também das regiões do País que sofrem devido à falta de medicamentos utilizados no controle das doenças?, conta Liza. ?Sobre as cirurgias, vamos discutir o fato de muitos médicos estarem realizando operações de forma indeterminada, sem se preocupar com o pós-operatório e exigir acompanhamento psicológico para saber se a pessoa está mesmo preparada para se submeter a um procedimento desse tipo.?
Na sexta-feira, às 15h, os travestis vão fazer uma passeata, saindo da Praça Eufrásio Correa, passando pela Avenida Marechal Floriano Peixoto, até o bondinho da Rua XV de Novembro. O objetivo é alertar a população sobre os direitos e os problemas que os travestis ainda enfrentam. (Cintia Végas)

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