Sítio arqueológico descoberto na Estrada do Cerne

Um sítio arqueológico que pode datar até 9 mil anos atrás foi descoberto às margens do Rio do Cerne, no interior de Campo Largo, na Grande Curitiba, durante sondagens realizadas para a continuação da pavimentação da estrada do Cerne (PR-090). A informação foi divulgada ontem pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER) do Paraná, que contratou uma empresa para recolher e catalogar as peças encontradas no local.

O arqueólogo Antônio Cavalheiro, coordenador da equipe responsável pelo resgate dos materiais, revelou que as escavações apontam um sítio lítico com peças refinadas de pedra. Entre os mais de 60 objetos já encontrados e catalogados, estão ferramentas utilizadas para cortes, raspadores e até uma ponta de lança. Os trabalhos devem ser finalizados até o início desta semana.

Segundo Cavalheiro, o povoado que vivia no local era especialista em pedra lascada. “São materiais que comprovam a existência de grupos humanos que tinham assentamento e um padrão de subsistência entre coleta e caça e que habitavam a região há muito tempo”, explica.

O arqueólogo ressalta que ainda não é possível datar com exatidão o período que esse grupo habitou ou passou na região. Por enquanto, os especialistas só sabem que era um grupo pequeno, possivelmente de seminômades, que pode ter passado pela região entre mil e 9 mil anos atrás. Mas a sequência das escavações pode facilitar a determinação da idade dos objetos. A equipe está, no momento, procurando vestígios de fogueiras (carvão) – o material pode passar por testes em laboratórios, que podem revelar com mais precisão a idade do sítio.

Divulgação/SECS
Arqueólogos trabalham no local.

Os artefatos deverão ser encaminhados ao museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O DER promete realizar, ainda, trabalhos de educação patrimonial junto à comunidade local, para divulgar o conhecimento histórico, arqueológico e cultural encontrado no sítio.

História

A Estrada do Cerne foi uma das principais obras da década de 1930. Foi construída para ligar Curitiba a Londrina. Por duas décadas, era a principal via de escoamento da produção agrícola, principalmente do café.

Porém, o trecho entre Bateias e Castro, que tem cerca de 50 quilômetros, continua sem pavimentação até hoje, e a via acabou subutilizada depois da construção da Rodovia do Café BR-376.

No início de 2007, o governo do Estado anunciou que asfaltaria toda a rodovia, com a intenção de transformar a rodovia em uma alternativa às estradas pedagiadas. Mas apenas um trecho de 16 quilômetros ficou pronto. O restante foi prometido para o segundo semestre deste ano.