Sistema vai mudar seleção para transplante de fígado

Uma portaria do Ministério da Saúde, que deve ser publicada até o final desta semana, irá mudar a forma de seleção dos pacientes que aguardam por um transplante de fígado no País. Um sistema de avaliação irá selecionar os pacientes pelo critério da gravidade da doença, e não mais pela ordem na fila de espera. A medida visa reduzir o número de óbitos, pois hoje cerca de 30% das pessoas que aguardam pelo transplante de fígado morrem antes de fazer a cirurgia.

A partir da publicação da portaria, os centros de transplante terão trinta dias para convocar os pacientes que estão na lista para a realização de exames que medem as funções hepáticas e renais. Segundo o coordenador de Central de Transplantes do Paraná, Carlos Renato D’Avila, a portaria institui a forma de seleção pelo sistema MELD (Model for End-Stage Liver Disease). Esse sistema basea-se numa fórmula matemática utilizando os resultados dos exames – creatinina, bilirrubina e INR (índice de coagulação) do sangue.

A partir daí, ele gera uma pontuação, que varia de 6 a 40, e reordena os pacientes devido ao estado clínico. Os valores mais altos correspondem à maior gravidade. Um sistema semelhante será utilizado para crianças que aguardam o transplante. De acordo com D’Avila, os exames deverão ser repetidos periodicamente, o que provocará uma alteração na fila de espera.

Atualmente no Brasil, 7.005 pessoas aguardam por um fígado para transplantar – no Paraná são cerca de 470 pessoas. O Ministério da Saúde estima que dos atuais inscritos na fila do fígado, 61% têm índices abaixo de 15, ou seja, não precisariam efetivamente de transplante. Casos graves correspondem a 38% das pessoas. No Paraná existem cinco centros de transplante de fígado – quatro em Curitiba e um em Campina Grande do Sul.

Captações

Esse sistema, que já é utilizado em diversos países, não deverá diminuir a fila de espera, diz o coordenador da Central de Transplantes do Paraná. "A fila para transplante só diminui com o aumento de doações", falou. Segundo ele, uma série de ações estão sendo desenvolvidas no Estado para melhorar a captação. Um deles é um acompanhamento mais rigoroso nos hospitais para verificação de mortes encefálicas.

Além disso, nos próximos dias, o Paraná deverá abrir uma licitação para a compra de aparelhos de ecodoppler transcraneano, que agilizam o diagnóstico de morte encefálica. "Com isso, vamos agilizar o diagnóstico", falou. Os equipamentos serão instalados nos centros de captação de órgão em Curitiba, Londrina, Cascavel e Maringá. (RO)

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