Serviço médico precário em Ferraria

Filas, espera pelo atendimento, falta de médicos e de estrutura. Essa é a realidade que os moradores do bairro Ferraria, em Campo Largo, Região Metropolitana de Curitiba (RMC), precisam enfrentar quando vão até a unidade de saúde da região. Muitos usuários chegam de madrugada no posto para conseguir consultas. Quando entram tarde na fila, muitas vezes voltam para casa sem o procedimento médico. A saída é procurar outros hospitais e estabelecimentos de saúde.

O pedreiro Vitorino Bento Soares diz estar revoltado com a situação. A esposa dele necessita constantemente de atendimento e já passou por diversas dificuldades. "Vim com a minha mulher quase desmaiando e ninguém atendia. Isso é um risco para a saúde de todos. Se alguém está aqui é porque está doente", afirma.

A comerciante Eunice Marques dos Santos conta que é comum as pessoas chegarem antes das 5h para conseguir consultas. "Se chega muito tarde, não consegue. Tem que ir para o Centro Médico (um hospital em Campo Largo) ou ao particular", comenta. Eunice tem problemas nos rins e, em uma crise de dor, ela procurou o posto, mas não foi atendida. "Eu tive que ir de carro para outro lugar. Ainda bem que tenho carro. Como ficam aqueles que não têm? Se eu fosse esperar pela ambulância, não sei o que aconteceria. Tem que correr por conta própria." Ela revela ainda que a unidade está sem ginecologista. "Disseram que a médica não vem mais. Como é que fica? Fiz um monte de exames e não tenho para quem mostrar. Além disso, são poucos médicos para atender todo mundo", avalia Eunice.

A dona de casa Sueli da Silva declara que as consultas na unidade de saúde de Ferraria são limitadas em 16 por dia, fato confirmado por outras pessoas que estavam na fila, mas que não quiseram ser identificadas. "Já aconteceu de ficar na fila e não ser atendida. Tive que voltar para casa. Quando alguém precisa, tem que procurar socorro em outro lugar", esclarece. Sueli enfatiza que o posto não tem a estrutura necessária para atender deficientes ou pacientes que usam cadeira de rodas. "Aqui não tem rampa de acesso no posto. Hoje (ontem), foi uma dificuldade para colocar um senhor com cadeira de rodas dentro da unidade. Foi preciso três homens para carregá-lo."

O diretor-geral da Secretaria Municipal de Saúde de Campo Largo, João Gilmar Gionédis, explica que as consultas são de livre demanda no posto de saúde, que conta com clínica geral, ginecologia e pediatria. A situação da médica ginecologista está sendo regularizada com a contratação de outro profissional. A Prefeitura tem a intenção de construir uma unidade 24 horas na região, porque a demanda é muito grande. "Enquanto a unidade 24 horas não sai do papel, estamos procurando uma outra casa para a instalação de um posto na região. Entretanto, estamos com dificuldades em achar o imóvel", afirma. Outra possibilidade para minimizar o problema é aumentar a carga horária na unidade de Ferraria, segundo ele.

Gionédis conta que as instalações são precárias, mas que podem ser adaptadas para receber rampas para usuários de cadeiras de rodas. Ele cita que o posto ficou fechado em dezembro de 2004, na gestão anterior, e que a situação dos usuários está regularizada. "Temos dificuldades porque trabalhamos com um orçamento determinado na gestão anterior e os recursos são escassos", informa.

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