Sem terra ocupam escritório avançado do Incra em Cascavel

Cerca de 150 integrantes do Movimento de Libertação do Sem Terra (MLST) ocuparam ontem o escritório avançado do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Cascavel, oeste do Paraná. Eles pediam mais agilidade no processo de assentamento das 450 famílias acampadas na região, além de cestas básicas. A saída dos sem terra só aconteceu depois de uma reunião em Curitiba, à tarde, em que o superintendente do instituto, Celso Lisboa de Lacerda, teria prometido aos líderes do movimento dar continuidade a um dos processos de compra de terras na região.

A ocupação começou por volta das 7h30, quando os sem terra bloquearam os portões e impediram a entrada dos servidores e estagiários. Inicialmente, apenas a chefe da unidade local, Fiorinda Martins Pezzatto, e mais dois funcionários tiveram acesso ao prédio. Por volta das 9h30, os manifestantes liberaram os portões aos demais trabalhadores em troca do uso de banheiros e água. O atendimento ao público, entretanto, ficou suspenso durante todo o dia.

Segundo o coordenador nacional do MLST, Joaquim Ribeiro, a ocupação serviu para pressionar o Incra. ?Não têm acontecido assentamentos há um bom tempo no oeste?, disse. Mas considerou satisfatória a negociação: ?O Incra se comprometeu a resolver alguns pontos de maior tensão na região até o final do ano?. Por volta das 16h30, depois de obter o aval de Ribeiro, as famílias deixaram a unidade de Cascavel.

O Incra negou ter prometido datas, mas disse ter garantido ao MLST que procurará ainda hoje o proprietário de duas áreas que estão em negociação desde 2005 (Piquiri 1 e 2) para fazer proposta de preço, levantado em avaliação prévia. A área pode comportar até 70 famílias. As restantes, diz o órgão, terão de continuar aguardando pelos trâmites de compra e desapropriação, que totalizam 80 em todo o Estado. Já as cestas básicas começarão a ser distribuídas a partir do próximo dia 17. As mesmas são financiadas pelo programa Fome Zero.

MST

Em Primeiro de Maio, norte do Estado, cerca de uma centena de sem terra continuam acampados na fazenda Coopersucar desde sexta-feira. Apesar de os proprietários já terem conseguido reintegração de posse na Justiça, eles se recusam a sair do local e garantem que vão recorrer da decisão. Segundo Anísio Cardoso, um dos coordenadores do grupo, parte das famílias trabalhava na fazenda e a ocupação aconteceu porque os donos estariam devendo salário aos agricultores. 

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