Sem-terra deixam Fazenda Rio Bonito

A Secretaria de Estado da Segurança Pública cumpriu, na sexta-feira, mais um mandado de reintegração de posse. Após uma negociação com lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que também envolveu o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), cerca de 300 pessoas concordaram em sair pacificamente da Fazenda Rio Bonito, em Rio Bonito do Iguaçu, na região Central do Estado, a 390 quilômetros de Curitiba.

“Vamos continuar utilizando o diálogo e a negociação como ferramenta para evitar o conflito e a desordem no campo. No Paraná, cumpre-se a lei”, afirmou Luiz Fernando Delazari, secretário da Segurança Pública. Essa foi a 23.ª desocupação pacífica que o governo do Estado promoveu em 2003.

Os integrantes do MST, que haviam invadido a propriedade do prefeito de Rio Bonito do Iguaçu, Sézar Augusto Bovino, em 18 de junho passado, retornaram às margens da BR-158, a cinco quilômetros de Laranjeiras do Sul. A negociação foi possível após o Incra apresentar um laudo que apontava a propriedade, de 55 alqueires, como produtiva. Dessa forma, não havia perspectiva de tornar a fazenda em área para assentamento.

Distorção

O delegado Juraci Lopes de Souza, responsável pelo inquérito que investiga a morte de dois trabalhadores rurais ocorrida durante a semana passada, após um tiroteio entre integrantes do MST e seguranças da Fazenda Coqueiro, em Foz do Jordão, negou todas as declarações citadas na edição de ontem de um jornal de Curitiba.

“O jornal distorceu tudo. O depoimento sigiloso citado pela reportagem não existe. Nenhuma testemunha procurou a polícia para afirmar que o primeiro tiro partiu dos sem- terra. Se existe alguma testemunha, ela não procurou a polícia”, garantiu Souza. De acordo com ele, houve uma “enorme distorção por parte da reportagem da Gazeta do Povo”. “A polícia não descarta nenhuma possibilidade durante a investigação. Não descarta inclusive a hipótese de que houve uma emboscada armada pelos seguranças. Mas ainda é prematuro para chegarmos a uma conclusão. Ainda estamos investigando e catalogando depoimentos”, considerou o delegado. “Eu nunca disse que não houve tocaia, como saiu publicado do jornal”, garantiu.

Souza também negou que tenha afirmado à reportagem do jornal que está tendo dificuldades para entrar no acampamento dos sem-terra. “Isso é um absurdo. A polícia não pode entrar na residência das pessoas sem um mandado judicial. O que eu disse é que estudo a possibilidade de pedir um mandado judicial para entrar no acampamento”, observou o delegado. A Polícia Civil está estudando a possibilidade de processar judicialmente qualquer veículo de comunicação que publique declarações falsas.

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