Seguradoras calculam perdas da Itaipu

Peritos das seguradoras vão avaliar os prejuízos causados pela explosão em um dos três transformadores da Unidade Geradora n.º 10 da Usina Hidrelétrica Binacional de Itaipu, em Foz do Iguaçu, no último sábado. A usina tem cobertura total para todos os equipamentos em operação. O acidente foi causado por um defeito em uma bucha, peça que conecta os condutores de energia aos transformadores.

Segundo a hidrelétrica, o equipamento danificado funcionava há 20 anos e passou por manutenção periódica recentemente, assim como a unidade geradora. O valor dos prejuízos ainda será calculado pelas seguradoras. A usina possui o chamado "all risks" (seguro que cobre todos os equipamentos em operação) no valor de cerca de US$ 2 bilhões (prêmio de US$ 3 milhões), com um grupo segurador binacional (no lado brasileiro Bradesco/Itaú e no Paraguai, Cepasa/Yaciretá).

O acidente foi considerado o mais grave ocorrido nos 24 anos de funcionamento da usina. A função do transformador é elevar a tensão de geração de 19 kv para 525 kv, que é a tensão a qual permite que a energia seja transmitida, pelas linhas de transmissão de Furnas, para o sistema elétrico.

Na hora da explosão, seis técnicos trabalhavam perto do local e tiveram ferimentos leves. Todos foram encaminhados ao Hospital Costa Cavalcanti. Dois ficaram internados, com previsão de receber alta hoje. Os técnicos são funcionários do Consórcio Ceitaipu, encarregado da instalação de duas novas turbinas – as últimas que faltam para Itaipu atingir a totalidade de sua capacidade produtiva.

De acordo com Itaipu, só não houve uma tragédia graças ao Plano de Ação de Emergência da usina para todos os setores sensíveis do complexo, que acabou rapidamente com o princípio de incêndio, junto com a atuação automática dos vários sistemas antiincêndio, que incluem portas corta-fogo. Segundo o diretor-técnico da Itaipu Binacional, Antonio Otélo Cardoso, que concedeu entrevista coletiva ontem, o plano adotado pela usina é considerado um dos melhores do mundo. A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) também fará uma análise completa sobre o episódio.

Por causa da explosão, a unidade 10 foi isolada e a previsão de seu retorno à operação, após a substituição da peça afetada, é de 7 a 10 dias. Não houve qualquer alteração na produção de energia elétrica de Itaipu para o Brasil e Paraguai. Um transformador reserva deverá substituir provisoriamente o avariado.

O engenheiro paraguaio Pablo Teme, diretor técnico de Itaipu, foi um dos primeiros a chegar ao local do acidente. Em entrevista ao jornal ABC Color, de Assunção, ele atribuiu o acidente a uma "falha grave" descartando, no entanto, que tenha sido motivado por falha humana. Teme atribuiu a explosão a um problema técnico, "passível de ocorrer em qualquer lugar, sobretudo numa hidrelétrica das dimensões de Itaipu".

O engenheiro coordena a equipe que está avaliando as causas do acidente. Segundo ele, a possibilidade de nova ocorrência de um problema semelhante é de 0,005%. 

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