Sanduba hipnótico no litoral

Foto: Mara CornelsenTem muita gente que sonha em morar na praia, quando a aposentadoria chegar. Outros já nasceram no Litoral e não trocam a beira-mar por nada neste mundo. Tem outros ainda que resolvem ?chutar o pau da barraca? e tentar mudar de vida, procurando a tranqüilidade da orla marítima. Na história de hoje, dentro da série de reportagens que tratam dos personagens do Litoral, vamos conhecer o ?Grande?, um sujeito realmente grande em todos os sentidos. Ele é a coqueluche de Guaratuba!

Nas edições anteriores, a Tribuna já brindou seus leitores com as histórias de Mestre Eugênio, de ?Jacaré?, do ?Perigoso?, dos índios que vivem na Ilha do Mel e em Praia de Leste.

Boa Leitura!

Para fugir da loucura de São Paulo, onde viveu a maior parte de seus 36 anos, o comerciante e publicitário Maurício Jorge Abdala largou tudo o que tinha e foi aportar em Guaratuba. Apaixonou-se pelo lugar e decidiu começar uma nova vida, em companhia de Walquíria, sua ?futura ex-mulher há 15 anos?. ?Eu sou feio, gordo e careca e ela pensa até hoje que esta casada como Brad Pitt?, brinca o caçula de três irmãos descendentes de libaneses que, além de ter o dom da oratória, ainda aprendeu os mistérios da hipnose quando era um garoto.

Com 1.83m de altura e 139 quilos distribuídos em um manequim GG, não tardou a ficar conhecido pelo apelido de ?Grande?. Aproveitou a fama que as brincadeiras hipnóticas lhe conferiram e a arte de saber preparar bons e diferentes sanduíches e abriu seu negócio: um trailer de lanches na Avenida Principal, que funcionou durante os últimos quatro anos. O sucesso foi tamanho que, neste verão, inaugurou uma lanchonete. O lugar já virou ?point?. Todo mundo dá uma paradinha no ?Grande?, seja para marcar encontro, bater um papo ou matar a fome.

Foto: Mara CornelsenA história de ?Grande? é repleta de bom humor. Pendurado ao celular – resolvendo problemas de meio mundo – ele conta à reportagem que quando criança percebeu que tinha um grande poder de persuasão. Resolveu usar isso a seu favor. Aos 17 anos, conheceu o hipnólogo Fábio Puentes, uruguaio famoso neste ramo. Marcou uma consulta, ofereceu-se para reformular as apostilas antigas de Puentes, fez amizade com ele e ganhou um curso. De aluno virou professor, começou a fazer palestras, abriu uma clínica e apareceu várias vezes em programas de TV. Quando a violência de São Paulo atingiu sua família, resolveu mudar de ares. Os pais tinham casa em Itapoá (SC). Foi morar ali. Mas o local era muito parado e ele migrou para Guaratuba, de onde diz que não sai mais. Ao mesmo tempo que mantinha uma clínica de hipnose em Curitiba – atendendo somente uma vez por semana – começou a fazer sanduíches em seu trailer. Um dia, alguém o reconheceu como sendo o cara que apareceu na televisão. A notícia se espalhou, principalmente entre a garotada, que fazia questão de conhecê-lo e pedia demonstrações de hipnose. Depois os pais dos garotos também quiseram saber quem era o tal de ?Grande?, e começaram a procurá-lo. Simpático, fazia os lanches, conversava como todo mundo e passou a ser admirado pelos grandes e pequenos.

Ele mesmo prepara cada um dos sanduíches – já chegou a fazer 800 num dia ?bombado?. Desenvolve os molhos com carinho especial e batiza cada prato com o nome de um ponto turístico de Guaratuba. Há quem se delicie com o Praia Brava, o Ferry Boat, o Brejatuba ou o Caieiras. Tem até sanduíche doce, para quem não se preocupa com algumas calorias a mais. Usando luvas, máscara e demonstrando habilidade na chapa, ele não se intimida diante do desafio de mais uma temporada de verão e feliz, finaliza: ?Eu era pequeno em uma cidade grande. Hoje sou grande em uma cidade pequena?.

Voltar ao topo