Ruas de Pontal do Paraná estão tomadas pelo lixo

Pontal do Paraná, município com 23 km de praia, está tomada pelo lixo. Basta andar pelas ruas de bairros como Praia de Leste, Santa Terezinha, Ipanema e Grajaú para deparar com dezenas de sacos plásticos empilhados em frente às residências, à beira-mar e nas praças públicas.

O motivo é o rompimento do contrato entre a Prefeitura local e a empreiteira Transresíduos, responsável pela coleta. Segundo o prefeito de Pontal do Paraná, José Antônio da Silva, o município não tem dinheiro para efetuar o pagamento.

“Atrasamos o pagamento da Transresíduos porque o dinheiro que tínhamos foi para quitar a dívida da gestão passada”, explica o prefeito. Segundo ele, a dívida era de R$ 320 mil.

A prefeitura não paga a Transresíduos desde março, e a nova dívida já chega a quase R$ 375 mil. “Não arrecadamos o suficiente para cobrir as despesas”, justifica.

A receita do município, revela o prefeito, varia entre R$ 690 mil e R$ 750 mil, o que resulta em quase R$ 10 milhões por ano. Desse montante, R$ 4,5 milhões vão para a folha de pagamento, R$ 2,5 milhões para a educação, R$ 1,8 milhão para a saúde, restando pouco mais de R$ 1 milhão para cobrir toda as outras áreas.

“Quase metade da população é inadimplente no pagamento do IPTU. Além disso, todos os municípios sofreram queda no repasse do ICMS”, explica. O prefeito sugeriu fazer o pagamento em janeiro e fevereiro de 2003, mas a proposta não foi aceita pela empreiteira.

Caminhão compactado

Para tentar solucionar o impasse, na semana passada a prefeitura colocou um caminhão para fazer o recolhimento do lixo. O problema é que não ele não é suficiente para recolher todos os resíduos produzidos tanto pela população local como pelos veranistas que lotaram o litoral no último fim de semana.

“Hoje (ontem) a gente colocou um caminhão compactado nas ruas. Até sexta ou sábado, a cidade deve estar limpa”, aposta o prefeito. A partir da semana que vem, outro caminhão estará auxiliando na coleta até meados de dezembro, quando começa a Operação Verão, em que o Estado se torna responsável pelo lixo do litoral.

De acordo com o prefeito, a idéia é que, no ano que vem, a prefeitura continue locando os caminhões e deixe de terceirizar o serviço. A despesa, segundo ele, reduziria de R$ 48 mil a R$ 52 mil por mês para R$ 32 mil a R$ 34 mil.

Risco de doença

Para o advogado curitibano Luiz Victor Costa de Oliveira, de 64 anos, que está passando férias em Praia de Leste, o problema maior do lixo acumulado é o risco de uma epidemia. “Há quase duas semanas não recolhem o lixo do meu prédio. O latão está lotado”, diz.

De acordo com ele, além da falta de coleta, o litoral sofre com vários outros problemas como a saúde precária e o pouco policiamento. “Só na alta temporada, com a Operação Verão, há policiais. Fora isso, os vândalos tomam conta de tudo. Nem os prédios têm segurança mais”, lamenta o advogado.

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