RMC

Rotas de alto risco na Região Metropolitana de Curitiba

Um contraste permanente: do bom ao ruim em menos de um metro. Assim são muitos trechos das estradas que cortam a Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Essas rodovias recebem tanto o tráfego pesado quanto o de automóveis e motocicletas de pessoas que se deslocam para o trabalho e para casa.

Um dia-a- dia em que é preciso, além de prestar atenção no trânsito, olhar muito bem por onde está andando. Há buracos de todos os tamanhos, remendos abertos, desníveis, pisos irregulares, pavimento em péssimas condições.

A reportagem de O Estado percorreu semana passada a BR-376 – Contorno Sul (entre a BR-277 e a entrada para o bairro Pinheirinho), BR-116 (entre Curitiba e Fazenda Rio Grande), BR-476 – Rodovia do Xisto (entre Araucária e São Mateus do Sul) e BR-476 (antiga BR-116, entre Pinheirinho, passando pela Linha Verde, até o Atuba).

O superintendente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas no Estado do Paraná (Setcepar), Luiz Carlos Podzwato, conta que as estradas pedagiadas que cortam a RMC estão em condições razoáveis nas pistas de rolamento. No restante, existem muitos problemas na pista e congestionamentos. “As empresas têm um custo fixo e o custo variável.

Neste entram os gastos com pneus e peças. Um caminhão pode perder um pneu em um buraco. Andando mais devagar, gasta mais combustível. Isso é repassado para o frete e encarece toda a cadeia”, afirma. Impactos que também são sentidos nos automóveis e motocicletas.

No Contorno Sul existem muitos buracos nas duas pistas. O lado direito de cada pista, por causa dos caminhões, está especialmente prejudicado. É possível encontrar asfalto usado para tapar as aberturas já com buracos. Em alguns pontos, fica remendo sobre remendo. É comum os caminhões trafegarem na faixa da esquerda para fugir das oscilações.

O pavimento bastante irregular, com remendos e esburacado, também precisa ser encarado pelo motorista na saída da Rodovia do Xisto e entrada para a BR-116, sentido Sul (na altura da Ceasa). A reportagem de O Estado encontrou obras no asfalto em dois pontos do Contorno Leste. Em alguns trechos, a cobertura do pavimento parece mais recente, como no Km 599 da pista sentido BR-476. Mas, logo em seguida, o motorista acha mais buracos.

Quem pega a BR-476 no Pinheirinho, em direção ao Atuba, percebe o “vazio” entre o final da concessão da Autopista Planalto Sul e o início da Linha Verde. São alguns metros descuidados, com muitos buracos e remendos já precisando de uma nova cobertura. Após a Linha Verde, na altura da BR-277 (no bairro Jardim das Américas), o caos recomeça. De novo, buracos, rachaduras, desníveis. A situação é particularmente complicada na região entre o Cajuru e o Tarumã. Perto do Atuba, a pista está um pouco melhor.

BR-476: interminável tormento

A Rodovia do Xisto (BR-476, entre Araucária e São Mateus do Sul) já foi manchete de jornais por causa da situação precária. Especificamente em Araucária existe a alternância constante entre pista com cobertura recente e muita irregularidade. Na saída da cidade, pode-se trafegar com tranquilidade – apesar da mão dupla – no trecho pedagiado, até a Lapa. Depois, o motorista sofre. Buracos enormes, tráfego muito pesado e muitas obras.

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) está conduzindo a restauração da rodovia e há bloqueios em vários pontos. As equipes realizam obras nos acostamentos da rodovia, principalmente. No meio, está o pavimento original. E cheio de buracos. Os congestionamentos são as principais reclamações dos motoristas na BR-116, entre Curitiba e Fazenda Rio Grande, trecho administrado pela concessionária OHL.

Há um semáforo na entrada para o bairro Tatuquara. Quando fechado, resulta em uma fila enorme de veículos. A viagem só fica mais tranquila no perímetro urbano de Fazenda Rio Grande, com rodovia duplicada e pavimento bom na pista sentido sul. (JC)

Duplicação da BR-116 sem prazo

A assess,oria de imprensa da concessionária OHL, por meio da Autopista Planalto Sul, informou que está prevista a obra de duplicação de 25 quilômetros na BR-116 entre Curitiba e Mandirituba (sentido sul). O projeto ainda está sendo elaborado e não há previsão para o início das obras. O Dnit comunicou que realiza obras de manutenção no Contorno Sul. Está sendo elaborado um projeto para restauração e adequação da rodovia, com obras previstas para 2010. Sobre a Rodovia do Xisto, entre Lapa e São Mateus do Sul, o Dnit está conduzindo a restauração em dois dos três lotes licitados. Os serviços devem durar um ano e meio. (JC)

RMC: recordista de acidentes no Paraná

Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a Região Metropolitana de Curitiba é a área que mais registra acidentes em rodovias federais em todo o Paraná. A capital é cortada pelas BRs 277, 116, 476 e 376. Além disso, existem os contornos viários.

As rodovias que passam pela região, em grande parte, estão em perímetro urbano. Juntando os números das Polícias Rodoviárias Federal e Estadual, de 1.º de janeiro a 30 de junho, foram 51 mortes e 1.011 feridos, em 1.452 acidentes. As condições das pistas representam uma pequena parcela na causa dos acidentes. Mas buracos, desníveis e outros problemas podem aumentar a chance de colisões e capotamentos se o motorista não diminuir a velocidade. “Quando as condições não estão boas – e quando deveriam reduzir -, os motoristas não o fazem.

Se andar como se estivesse em uma rodovia boa, há 10 vezes mais chances de ocorrência de acidentes graves”, explica o inspetor Marcelo Cidade, chefe operacional da Delegacia Metropolitana da PRF. Os acidentes nas estradas “urbanas” estão ligados ao desrespeito à sinalização, excesso de velocidade e travessia de pedestres e ciclistas. “Sessenta por cento dos acidentes são sem gravidade.

O restante se refere, principalmente, a atropelamentos, que são graves”, comenta Cidade. A PRF lembra que, nos acidentes sem vítimas, os condutores precisam retirar os veículos da pista, pois podem prejudicar o trânsito. Quem não remover pode receber multa, descrita no artigo 178 do Código de Trânsito Brasileiro. (JC)

Rodovias estaduais na Região Metropolitana de Curitiba com o maior número de acidentes:

2009 (1.º de janeiro a 30 de junho)

PR-415 Curitiba/Piraquara: 81 acidentes, com duas mortes e 71 feridos
PR-092 Curitiba/Almirante Tamandaré: 56 acidentes, quatro mortes e 18 feridos
PR-417 Rodovia da Uva – Curitiba/Bacaetava (Colombo): 42 acidentes, uma morte e 22 feridos
PR-410 São João da Graciosa: 38 acidentes, com nove feridos
PR-418 Contorno Norte – entre BR-376 e PR-092: 24 acidentes, com uma morte e 18 feridos

Acumulado nos anos de 2007, 2008 e 2009

PR-415 Curitiba/Piraquara: 443 acidentes, 15 mortes e 338 feridos
PR-092 Curitiba/Almirante Tamandaré: 261 acidentes, com 16 mortes e 165 feridos
PR-417 Rodovia da Uva – Curitiba/Bacaetava (Colombo): 215 acidentes, 3 mortes e 114 feridos
PR-410 São João da Graciosa – 170 acidentes, com 59 feridos
PR-418 Contorno Norte – entre BR-376 e PR-092: 159 acidentes, 7 mortes e 116 feridos

Rodovias federais que cortam a Região Metropolitana de Curitiba e o número de acidentes no mês de junho de 2009:

BR-277 Campo Largo – 25 acidentes, com 13 feridos
BR-277 São José dos Pinhais – 11 acidentes, 11 feridos
BR-476 Araucária – 13 acidentes, 14 feridos
BR-476 Colombo – 14 acidentes, dez feridos
BR-116 Fazenda Rio Grande – 45 acidentes, 25 feridos
BR-116 Campina Grande do Sul – sete acidentes, duas mortes, quatro feridos
BR-376 São José dos Pinhais – sete acidentes, quatro feridos

Fonte: Polícia Rodoviária Estadual e Polícia Rodoviária Federal