Educação

Reitor comenta os desafios da nova gestão da UTFPR

Em agosto passado, Carlos Eduardo Cantarelli assumiu a reitoria da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). O professor estará à frente da instituição até 2012. Em entrevista a O Estado, Cantarelli falou sobre os desafios de sua gestão, investimentos para os 11 campi da UTFPR no Paraná e sobre o aumento das vagas ofertadas pela instituição até o final de 2011.

O Estado – Como avalia a sua gestão até agora?

Carlos Eduardo Cantarelli – Entendo que já tínhamos um projeto na gestão do professor Éden Januário Neto na transformação do Cefet para UTFPR. Eu era pró-reitor de Graduação e Educação Profissional e, juntos, desenvolvemos o projeto que preparou o Cefet para a transformação em universidade.

Também participei de um primeiro projeto como universidade, trabalhando na entrada da UTFPR no Reuni (Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais), que trouxe à nossa instituição, um crescimento extremamente significativo de 50%, algo muito importante para o Paraná. Como nós estamos em 11 regiões do Estado, temos uma condição de promover educação pública de uma forma bem abrangente.

OE – Quais são os maiores desafios para sua gestão?

CEC – Crescer com qualidade. Mas esse não é um processo simples, sempre dependemos de investimentos e dos servidores para isso, hoje, temos a perspectiva de nos próximos quatro anos, trazer quase mil novos servidores e dobrar o número de alunos. Isso representa um crescimento de 40% na instituição.

Temos um padrão de qualidade bem definido pela universidade na área tecnológica com instalação de laboratórios, qualificação do corpo docente e proximidade com o setor produtivo e mercado de trabalho. Esse é um desafio que esperamos seguir durante um processo real de crescimento em termos de qualidade no serviço prestado à sociedade para formação de pessoal.

OE – Como deve ser a aplicação do orçamento este ano?

CEC – O orçamento de 2009 será destinado à estruturação dos novos cursos, construção de novos laboratórios e novas bibliotecas nos 11 campi. Ao todo são R$ 50 milhões em 2009 que permitirão uma preparação maior para esses novos cursos. Os alunos estudarão em ambientes adequados, com laboratórios novos, bibliotecas bem equipadas, não só em questão de acervo mas também de informatização.

Esse recurso está muito bem equacionados para esse crescimento. Dentre as melhorias, está a construção de 12 restaurantes universitários e uma série de outras ações de investimento previstas para o orçamento de 2009.

OE – A área da tecnologia na UTFPR é uma das melhores no Estado. Como avalia esta área de conhecimento na UTFPR?

CEC – Esse foi o diferencial que permitiu o Cefet se transformar em UTFPR. O Brasil é um país em desenvolvimento, dentro do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento), PDE (Plano de Desenvolvimento da Educação), Plano da Pós-Graduação, Plano de Desenvolvimento Econômico. Então, são vários planos apontam principalmente algumas necessidades de áreas da tecnologia colocadas como prioritárias.

Isso tem sido bastante positivo para nós, porque é onde a universidade tecnológica entra, estamos nos preparando para atender esse ramo, que para nós, representa o desenvolvimento do Estado e um diferencial em termos de formação de recursos humanos.

OE – Como serão esses novos cursos, vão preparar ainda mais os alunos?

CEC – Estamos preparando 32 novos cursos. Em 2010, para a área de engenharia, estamos estudando a entrada de 12 cursos. Não temos apenas áreas da engenharia tradicionais, mas também, ramos em que o Estado está desenvolvendo.

Tais como na área de alimentos, agroindústria, agronomia, ambiental, computação e engenharia florest,al. São diversos cursos que vão ajudar a formar esses profissionais nas áreas prioritárias. Já em 2011, tenho uma outra etapa de planejamento para a formação de professores.

OE – Na sua opinião, o aluno que estuda na UTFPR sai preparado para o mercado de trabalho?

CEC – Nós temos estudos, principalmente na relação estágio e emprego, que nos dão indicadores muito favoráveis. Todos os nossos cursos têm, pelo menos, 50% de formação prática. Por isso, há uma facilidade na oferta de estágio por parte do mercado de trabalho. Quase 80% dos alunos já conseguem, durante o seu curso, estágio na área que estudou.

Em todos os campi o aluno pode entrar um técnico e sair um doutor. Esse é um diferencial enorme para o aluno buscar a universidade para se qualificar. Isso dá para ele uma condição melhor de ocupação no mercado, melhor condição de remuneração e mais portas abertas no futuro.

OE – Como estão os investimentos nos campi do interior?

CEC – Todos os campi participam na universidade como um sistema. A universidade é vista como um todo, então, você cresce simultaneamente em todos os campi. Com o planejamento de quatro anos, todos terão um crescimento de no mínimo 50%. Serão grandes universidades nessas regiões, o que favorece a região, o desenvolvimento local e a permanência desses jovens na região.

O investimento é feito de forma global, mas evidentemente, como qualquer universidade, todos os campus têm suas áreas prioritárias. O campus Londrina, por exemplo, está investindo nos cursos de engenharia ambiental e tecnologia em alimentos. Cada campus tem sua particularidade de investimento em função da área que atua e da formação de seus professores e servidores.

OE – No final do ano passado, a UTFPR divulgou o resultado do seu último processo seletivo, como avalia o vestibular?

CEC – Temos algumas características que vêm se tornando marca da instituição. A primeira é a preocupação cada vez mais com a inclusão social. Essa foi a nossa marca. Nós temos aumentado a participação de alunos da rede pública, um ano atrás eram 44%, hoje, são mais de 54%. Isso demonstra que na realidade nós continuamos mantendo a qualidade de ensino mesmo com alunos da rede pública.

A segunda característica é o aumento das vagas no vestibular. Tivemos 23% de crescimento de procura, uma tendência que continuará nos próximos anos. Até 2012, temos como meta 38 mil alunos. Atualmente, estamos com 16 mil. É esse o nosso objetivo: ser uma universidade com uma oferta de 40 mil alunos aproximadamente.

OE – Como está a interação dos centros acadêmicos com a reitoria na sua gestão?

CEC – Da melhor maneira possível. Acho que a participação discente dentro do processo universitário é legítima quando feita de maneira correta e colaborativa. Nosso objetivo é melhorar não só na qualificação dos alunos, mas também, nos espaços acadêmicos, atividades sociais, culturais e esportivas. Os alunos tem voz na minha gestão, acho muito importante e relevante que isso aconteça. Sempre procuro incentivar que eles participem.