Rabeta, um perigo nas estradas do Brasil

O estudante Douglas Ramos da Silva, de 14 anos, morreu no último domingo ao cair embaixo do rodado de um caminhão, na PR-417, entre Curitiba e Colombo. A fatalidade aconteceu quando o jovem tentava desviar de um buraco na pista. Porém, o acidente poderia ter sido evitado se o rapaz não tivesse pego ?rabeta?, ou seja, carona na traseira do caminhão. A morte de Douglas trouxe à tona um problema que é muito comum nas estradas de todo o País.

Apesar das estatísticas sobre o assunto não serem precisas, já que muitas vezes esses acidentes não são tipificados, o Batalhão da Polícia Rodoviária Estadual (PRE) admite que a situação é preocupante. Para o capitão Naasson Polak, as pessoas não tem noção do perigo que enfrentam ao pegar  carona. ?A bicicleta é muito leve e mesmo com o menor movimento do caminhão, o ciclista pode ser arremessado para fora da pista, ou entra embaixo do veículo, como aconteceu com esse jovem no início da semana?, fala.

Quem trabalha nas estradas também conhece o problema. O caminhoneiro Esio Pereira Correia conta que já presenciou uma situação onde o ciclista, ao largar da traseira do caminhão, acabou sendo atropelado por um carro de passeio. ?A bicicleta ficou presa embaixo do carro, e por pouco a tragédia não foi pior?, diz. Marcílio da Silva Santos, motorista há 43 anos, afirma que esse tipo de situação é muito comum na BR-376, quando os ciclistas pegam ?carona? para subir a serra. ?Mesmo o caminhão estando devagar ainda é perigoso?, comenta. Já o caminhoneiro Augusto Marques conta que na região de Maringá os ciclistas chegam a atravessar a cidade ?grudados? nos caminhões.

Foto: Lucimar do Carmo/O Estado

Augusto: comum em Maringá.

De acordo com o capitão Naasson Polak, da PRE, a prática da ?rabeta? é considerada uma infração média pelo Código Brasileiro de Trânsito. O artigo 255 diz que ?conduzir bicicleta em passeios onde não é permitido a circulação destas, ou de forma agressiva? é considerada infração, e que a penalidade aplicada é multa de 80 Ufirs – cerca de R$ 85 – e remoção da bicicleta.

Conscientização

No litoral do Estado, onde o número de pessoas que utilizam bicicletas como meio de transporte é maior, ao contrário do que pode parecer, não são registrados muitos acidentes envolvendo ciclistas e caminhoneiros. A maioria das ocorrências são atropelamentos e colisões. Para diminuir esses índices, a PRE, através do Posto Policial Rodoviário de Guaratuba, vem desenvolvendo há dois anos um projeto de conscientização sobre o trânsito, com crianças das cidades litoral.

O comandante do 3.º Pelotão da PRE, tenente Ivan Fonseca Filho, conta que o projeto ?Educação Para o Trânsito?, que é voltado para alunos que estão na quarta série do ensino fundamental, acontece em várias etapas ao longo do ano. A primeira consiste em aulas teóricas e práticas dentro do batalhão da polícia. Depois as crianças vão para as ruas aplicar o que aprenderam. Já em sala de aula, discutem o assunto. Entre as lições, estão a legislação de trânsito, comportamento na hora de cruzar a rua e como andar de bicicleta e skate de forma segura.

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