Queimados vão ter apoio psicológico

Dentro de quinze dias Curitiba vai ganhar o Centro de Reabilitação Emocional e Reintegração Social (Cerereso), para atendimento de pacientes vítimas de queimaduras. É um serviço inédito no Brasil, que vai oferecer apoio psicológico e terapêutico para que os pacientes com queimaduras possam superar os problemas emocionais causados pelas seqüelas dos acidentes.

A idéia para criação do local surgiu do encontro entre a psicóloga Deuza Villar e a administradora de empresas Andréa Bayer. Há três anos, Andréa, de 34 anos, é paciente de Deuza no tratamento psicológico para superar as conseqüências emocionais e sociais de um acidente na infância.

Durante esse período, Deuza contou que precisou de apoio de outros profissionais para transpor o problema, mas não encontrou serviços médicos que garantissem, além do tratamento físico aos queimados, um atendimento estritamente psicológico. “Temos em todo o País hospitais com especialidade no atendimento aos casos de queimaduras, mas depois que o paciente recebe o tratamento, não existe um acompanhamento psicológico e terapêutico para que a pessoa não se isole da sociedade”, ressaltou.

A partir de então, a psicóloga desenvolveu a idéia e nos últimos seis meses a iniciativa tomou forma. Outro fator que motivou a psicóloga a trabalhar no centro foram os números do Ministério da Saúde (MS). A média de mortes de crianças entre zero e 14 anos causadas por queimaduras é superior a 500 casos por ano no Brasil. Estimativas da Sociedade Brasileira de Queimaduras revelam que no País acontecem cerca de um milhão de acidentes por queimaduras por ano. “É assustador. E a grande maioria das pessoas que sai dos hospitais não tem acompanhamento. Por isso, o centro vai poder atuar com esses pacientes”, diz.

Resultado

Aos 18 meses de idade, Andréa puxou uma caneca de chá quente de cima da mesa em sua casa e teve parte do lado esquerdo do rosto, pescoço, colo, braço e tórax queimados. Ela já se submeteu a quatro cirurgias plásticas para amenizar ou eliminar as cicatrizes. E, desde 2001, tem o acompanhamento da psicóloga. “Não aceitava minhas marcas e me escondia com roupas grandes, que escondiam meu corpo. Meu maior problema era que eu tinha medo de como as pessoas viam as minhas cicatrizes”, explica a paciente.

Após o período de acompanhamento psicológico Andréa não conseguiu superar totalmente os problemas, mas acredita que a evolução foi enorme. O que ajudou a paciente a superar o medo foi conhecer outra pessoa vítima de queimaduras. No Centro, são formados grupos de até 15 pessoas que podem discutir e trabalhar em conjunto todas as questões que os afligem. “Vivia sozinha, e desde o início dos encontros dá para notar que deixei de me esconder. Uma amiga minha disse que já melhorei 80%”, destacou. (Rubens Chueire Júnior)

Serviço – Cerereso: (41) 338-8547 ou

www.cerereso.org.br

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